O pastor Gabriel destacou que a leitura bíblica e a oração só confirmaram que ele estava no caminho certo, na Eritreia.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN POST
Dezenas de cristãos têm sido presos e igrejas têm sofrido opressão com frequência na Eritreia. (Foto: Portas Abertas)
Um pastor da Eritreia, que depois foi reassentado na Austrália, lançou alguma luz sobre as condições terríveis que os cristãos presos por causa de sua fé no país do nordeste da África.
O pastor que usou para a matéria o nome fictício “Gabriel” lembrou em uma entrevista ao ‘Barnabas Fund’ como foi torturado, privado de alimentação e forçado a trabalhar duro durante os anos que ficou preso na Eritreia.
A agência de ajuda cristã interdenominacional com sede no Reino Unido relatou que Gabriel foi preso várias vezes na Eritreia - país classificado pela Open Doors USA como o sétimo mais hostil do mundo, quando se trata de perseguição aos cristãos.
A primeira passagem de Gabriel pela prisão durou cerca de um mês em 1998. Gabriel foi detido junto com outros membros de sua igreja.
Na ocasião seguinte em que Gabriel foi preso, ficou na prisão por três anos, apesar de sua sentença ter sido de apenas seis meses.
“Às vezes você argumenta com Deus: ‘por que o Senhor me deixou passar por essas dificuldades?’”, disse Gabriel. "Mas quando você começa a ler a Bíblia, quando ora diariamente por devoção, automaticamente sua mente dá um clique e você vê que está no caminho certo - do jeito que você deveria estar".
A detenção de Gabriel durou mais do que deveria simplesmente pelo fato dele ser um pastor. Por ser um líder cristão, ele alegou que frequentemente era espancado na prisão.
Ele lembrou de um exemplo em que ele foi amarrado e atingido na cabeça com um bastão por uma hora, como forma de enviar uma mensagem a outros prisioneiros de que a fé cristã não será tolerada.
Ele também se lembrou de uma enfermeira pedindo que ele abandonasse sua fé cristã para que ele não recebesse mais espancamentos. A enfermeira teria dito a Gabriel que ele poderia continuar com sua fé cristã quando saísse da prisão. No entanto, ele se recusou a negar a Cristo.
Gabriel também compartilhou informações sobre como foi trancado dentro de um contêiner de metal durante duas semanas, enquanto estava em isolamento.
Ele disse que as temperaturas penetravam dentro do recipiente sob o calor do sol durante o dia e ficavam extremamente frias durante as noites.
Fora do confinamento solitário, Gabriel disse que os presos recebiam apenas uma pequena quantidade de comida a cada 18 horas.
Apesar da falta de nutrição, os prisioneiros foram forçados a realizar trabalhos árduos, pois precisavam coletar pedras para serem transformadas em materiais de construção.
“Às vezes você quebra as pedras com um martelo pesado. Você ouve um som aqui, nas suas costas, porque todo mundo tem desnutrição ”, lembrou Gabriel. "Os guardas discriminavam os cristãos, recusando-lhes tratamento médico se ficassem doentes".
Gabriel enfatizou que não era apenas ele que recebia tratamentos, pois outros cristãos enfrentavam destinos semelhantes.
Ele afirmou que sabia de dois prisioneiros que se converteram ao cristianismo na prisão que foram espancados e torturados por três dias. Apesar da perseguição, os novos crentes não desistiram de sua nova fé em Cristo, ele sustentou.
Gabriel acrescentou que as Bíblias foram proibidas nas prisões.
Se os prisioneiros fossem encontrados com escrituras cristãs, eles seriam submetidos a severos castigos.
No entanto, essa ameaça de punição não impediu os cristãos na prisão de lerem a palavra de Deus.
Segundo Gabriel, os prisioneiros cristãos dividiram a Bíblia para que cada cristão pudesse ter um pouco das Escrituras. Quanto a Gabriel, ele foi capaz de ensinar a outros prisioneiros sobre o livro do Apocalipse.
Segundo o Barnabas Fund, Gabriel fugiu da Eritreia alguns anos após sua libertação, quando soube dos planos do governo de prendê-lo novamente.
Contexto
No início deste verão, dezenas de cristãos eritreus foram presos em meio a uma repressão contra o cristianismo não-denominacional.
Como na Eritreia as pessoas sãos presa regularmente por causa de suas crenças e práticas religiosas, o Departamento de Estado dos EUA reconhece a nação africana como um "país de particular preocupação" por "violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa”.
O governo da Eritreia é controlado pelo Presidente Isaias Afwerki, desde a independência do país em 1993. O governo reconhece apenas quatro denominações religiosas: Cristianismo Ortodoxo, Islã Sunita, Igreja Evangélica Luterana da Eritreia e Igreja Católica.
O governo tenta exercer controle sobre as denominações religiosas reconhecidas.
Um exemplo é a detenção do legítimo patriarca da Igreja Ortodoxa, Abune Antonios, desde 2007.
Antonios provocou a ira do regime ao recusar excomungar milhares de fiéis que se opunham ao governo. Além disso, Antonios pediu a libertação de presos políticos.
No início deste verão, o governo fechou todas as unidades de saúde administradas por católicos, deixando milhares sem acesso a cuidados médicos adequados.
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