segunda-feira, 31 de julho de 2023

Partido Comunista Chinês quer reescrever a Bíblia: “Lavagem cerebral”, alertam grupos

Tina Ramirez, fundadora de um grupo contra a perseguição religiosa na China, afirmou que o partido quer impor uma ideologia ateísta comunista e fazer lavagem cerebral nas crianças.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA CBN NEWS

O Partido Comunista Chinês quer implantar distorções bíblicas no país. (Foto: Reprodução/Unsplash/Aaron Burden)

O Partido Comunista Chinês está reescrevendo a Bíblia com revisões que distorcem a imagem de Jesus.

A iniciativa faz parte de um plano de 10 anos para forçar os chineses a depositarem sua fé no Partido Comunista em vez de em uma religião.

Tina Ramirez é a fundadora e presidente do “Hardwired”, um grupo que não concorda com as ações do Partido Comunista Chinês e critica sua perseguição a grupos religiosos e minorias políticas.

"Por que o Partido Comunista Chinês estaria reescrevendo a Bíblia se eles não acreditam em Deus?", questionou ela.

“Eles querem que as pessoas tirem os olhos de um Deus e os coloquem em uma boa pessoa. Querem que os cristãos neguem sua fé, como resultado disso, o partido comunista se torna a divindade final”, acrescentou Tina.

Segundo a CBN News, em 2019, o regime governante da China anunciou seus planos de lançar uma nova tradução da Bíblia que incluirá princípios confucionistas e budistas.

"Esta nova tradução realmente apoiaria o Partido Comunista", explicou Todd Nettleton, porta-voz da organização cristã Voz dos Mártires (VOM).

A Bíblia

Em 2022, a VOM compartilhou a versão recriada de João 8, a história da Bíblia em que narra a passagem da mulher que é pega em adultério sendo redimida por Jesus.

Na versão real da Bíblia, Jesus diz: "’Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra’ e a multidão começa a se retirar. Jesus diz a ela: ‘Vá agora e não peques mais’".

Em uma versão encontrada em um livro chinês publicado em setembro de 2020, a multidão se dispersa, mas o texto afirma falsamente: "Quando todos saíram, o próprio Jesus apedrejou a mulher".

"A China levou isso a um nível totalmente novo ao tentar reescrever a escritura. Eu acho que eles não estão mais contentes com seus campos de reeducação que claramente não estão fazendo seu trabalho de forçar as pessoas a acreditar na ideologia ateísta comunista”, afirmou Tima.

Ela observou que para os cristãos, passar por esses campos ou serem torturados é como uma medalha de honra. Pois eles sabem que “esse é o teste do que significa ser um cristão na China”.

"Eles estão realmente tentando fazer lavagem cerebral nas crianças sobre o que a Bíblia diz e confundi-las para impedi-las de serem cristãs, mas acho que todos sabemos como cristãos que a palavra de Deus é mais do que um livro. É a vida, é o próprio Jesus Cristo”, declarou ela.

“Eles podem tentar o quanto quiserem, mas eu não acho que será bem-sucedido. No final das contas, eu acredito, a Verdade virá à tona", concluiu ela.

quinta-feira, 27 de julho de 2023

The Rock surpreende pastor ao apoiar projeto social de igreja: “Precisam de ajuda”

O ator fez doações após conversar com uma mulher grávida e um homem que faz parte do programa de reabilitação.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA CBN NEWS

The Rock, suas filhas e o pastor Matthew Barnett. (Foto: Reprodução/Instagram/Matthew Barnett)

O ator Dwayne Johnson, conhecido como “The Rock”, recentemente apareceu em uma igreja na Califórnia e encorajou homens e mulheres com amor, compaixão e generosidade.

O pastor da “Angelus Temple” e fundador do “The Dream Center” em Los Angeles, Matthew Barnett, contou que estava em seu escritório estudando para o culto de domingo de manhã quando um membro da equipe entrou e disse que a esposa do ator, Lauren Hashian, estava oferecendo itens de doação para uma mulher grávida.


O pastor foi ajudar Lauren a retirar as doações do carro e se deparou com The Rock dentro do veículo.

Matthew não queria incomodar o ator, mas ele rapidamente se prontificou a conhecê-lo e a outros membros da organização, que fornece moradia e recursos transitórios para pobres e viciados, entre outros.

“Ele disse: 'Ei, como vocês estão?' E eu estava pensando: 'Quanto tempo ele realmente quer passar aqui?'”, disse o pastor à CBN News.


The Rock passou muito tempo conversando com algumas pessoas hospedadas na organização, incluindo uma mãe que está grávida de oito meses.

Ele e sua esposa doaram para ela um berço, bichos de pelúcia e outros itens que ajudariam no enxoval de seu bebê.

“Ele estava conversando com essa mãe por 10 minutos, perguntando o que ela estava passando. Ela esteve em um orfanato a maior parte de sua vida, então receber essa atenção, significou muito para ela”, informou Matthew.

O ator também conversou com um homem do programa de reabilitação do ministério, tirando fotos e conversando com outras pessoas ao longo do caminho.

O pastor compartilhou o momento em seu perfil no Instagram e contou como The Rock tratou todos que encontrou:


“Ele não apenas tratou a futura mãe como a pessoa mais importante do mundo, mas também ficou e ouviu com um coração compassivo por ela e por qualquer pessoa”, escreveu Matthew.

E continuou: “Percebi que esse homem não se preocupa apenas com as necessidades imediatas das pessoas, mas também com o potencial delas. Ainda estou maravilhado com sua extraordinária humildade e com a esperança que ele traz ao mundo”

Declaração de The Rock

O ator também foi impactado pelo encontro e publicou em seu Instagram que sua família estava orgulhosa de ajudar outras pessoas necessitadas.


“O Dream Center está fazendo um trabalho incrível para nossos irmãos e irmãs que estão lutando e estão quebrados”, escreveu The Rock.

E continuou: “Nós já estivemos lá uma ou duas vezes e as pessoas que lutam só precisam de uma ajuda”.

O pastor afirmou que ficou surpreso ao ver o ator compartilhar sua experiência nas redes sociais.

“Nenhuma celebridade nesse nível jamais fez isso. Foi realmente uma surpresa. Eu sinto que ele provavelmente vai voltar outra hora também”, contou ele.

Com a experiência, Matthew relatou que ficou profundamente encorajado pela humildade e bondade de The Rock.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Pastor sobrevive após seu coração parar por 33 minutos: ‘Deus não terminou a obra’

O pastor Randall Morrow sobreviveu ao ataque cardíaco sem nenhuma sequela e continuou seu ministério com a família.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA AG NEWS

O pastor Randall Morrow contou seu testemunho de cura. (Foto: Reprodução/AG News)

Randall Morrow, pastor sênior da “Crosswalk Church” em Williamsburg, na Virgínia, Estados Unidos, contou que recebeu uma segunda chance de vida, há dois anos.

Randall, 60 anos de idade, é casado com Pamela Ruth Randall, 59 anos de idade. O casal tem 10 filhos e serve com outros membros da família igreja.

Porém, no dia 8 de março de 2021, Randall levantou e como de costume foi à academia. Depois de correr na esteira, ele teve uma parada cardíaca devido ao entupimento de uma artéria importante.

A nora de Randall, Katie, trabalhava na academia e correu para a casa do sogro para informar Pamela.

No hospital, os médicos relataram que o coração de Randall havia parado por 33 minutos e nenhum oxigênio chegou a seu cérebro durante esse período.

Segundo o site das Assembleias de Deus, a família estava ciente que se ele acordasse, não seria mais a mesma pessoa.

“Na melhor das hipóteses, havia 95% de chance dele não sobreviver”, lembra a enfermeira, Robyn Pellei.

“Ao preparar a sala de trauma para a chegada de Randall, eles prepararam um saco para cadáveres devido à improbabilidade de sua sobrevivência”, acrescentou ela.

Quando Randall chegou ao pequeno hospital local em Williamsburg, seu coração parou pela terceira vez, mas ele foi novamente ressuscitado medicamente.

“Quando Mark foi colocado no helicóptero, toda a nossa equipe ficou surpresa ao ver que seu coração ainda batia. Claro, nenhum de nós esperava que ele recuperasse a atividade cerebral”, contou a enfermeira.

O pastor recebeu a cura de Deus

Randall permaneceu em coma por seis dias, enquanto sua família e amigos de todo o mundo o cobriam de orações.

“De repente, meus diagnósticos começaram a voltar ao normal. Sem danos no coração, sem danos nos órgãos, as coisas estavam se curando”, afirmou Randall.

No entanto, o dano cerebral que ele sofreu permaneceu desconhecido para os médicos que disseram que a única maneira de saber mais detalhes era se ele acordasse e mostrasse”, relatou Pamela.

O reverendo Frank Potter, superintendente do distrito de POTOMAC, veio de Washington DC para orar por Randall em seu quarto de hospital.

“Lembro-me de orar para que Deus desse a Randall um milagre que ele pudesse testemunhar e usar para a glória de Deus”, declara Potter.

Poucas horas depois da oração do reverendo, ele acordou do coma e, embora ainda estivesse entubado, ficou alerta o suficiente para começar a se comunicar por papel e caneta.

“O que foi mais impactante para mim foi quando Randall estendeu a mão, pegou uma prancheta e escreveu: 'Deus não deve ter terminado comigo ainda’”.

Imagem do papel em que o pastor escreveu. (Foto: Reprodução/AG News)

Dez dias após o ataque cardíaco, Randall recebeu alta do hospital sem sequelas. No entanto, o pastor estava determinado a continuar a provar que os médicos estavam errados e demonstrar que Deus havia restaurado totalmente sua mente e seu corpo.

Meses depois Randall se tornou a primeira pessoa a se formar em doutora em dois meses na “Southeastern University”.

“Damos toda a glória a Deus”, diz Randall.

Com a experiência do milagre de Deus, Randall afirmou que percebeu que os relacionamentos são o que mais importa e mudou o foco do seu ministério para investir intencionalmente em seus relacionamentos com a família, congregados, colegas, líderes comunitários e missionários.

sexta-feira, 21 de julho de 2023

Pastor ensina Igreja a combater ideologias do mundo: “Poder do Espírito e Palavra”

O Pastor Antônio José falou sobre a operação do Espírito Santo na Igreja atual, na Expoevangélica 2023.

FONTE: GUIAME, CÁSSIA DE OLIVEIRA

Pastor Antônio José na Expoevangélica 2023. (Foto: Reprodução/Guiame).

O Pastor Antônio José, presidente da Igreja Assembleia de Deus Templo Central de Fortaleza, falou sobre a operação do Espírito Santo na Igreja atual, em entrevista ao Guiame, na Expoevangélica 2023, na quarta-feira (19).

“Muito mais que um fenômeno, enxergamos a igreja no retrovisor, a igreja da origem, a igreja de Atos dos Apóstolos, a infusão do Espírito Santo. Agora a sarça se acende com mais força. A igreja continua na mesma unção com a promessa do Espírito Santo que foi derramado e nos faz caminhar e seguir a jornada na força do Senhor”, refletiu.

Como pastor da maior denominação pentecostal do mundo, Antônio comentou sobre a valorização do movimento e da teologia pentecostal que tem ocorrido hoje.

Assista a entrevista completa:

“A teologia pentecostal hoje se expressa mais fervorosa, com mais entusiasmo, principalmente porque a graça e o poder do Espírito Santo está inspirando a nova geração de estudiosos”, afirmou.

Espírito da Babilônia no mundo

Citando a atual Revista da EBD da Assembleia de Deus– que tem abordado as ideologias anticristãs que dominam a sociedade hoje – o líder declarou que a Igreja deve defender os princípios bíblicos.

“A revista trata de temas sensíveis, que envolvem ética, moral, comportamental, e que combatem as ideologias, o espírito do anticristo e da Babilônia”, pontuou.

“A Igreja precisa enfrentar isso de frente, esse é o mundo ao nosso redor, é o contexto que a Igreja está envolvida. Para isso, ela precisa da graça, do poder do Espírito Santo, mas também conhecimento da Palavra de Deus para poder dar a razão da sua fé, com equilíbrio, com sabedoria, e com a exposição da verdade, que é Cristo”, disse Antônio José.

Comunhão entre pastores

O líder, que ministrou no “Encontro com Pastores” no primeiro dia (19) da Expoevangélica 2023, ressaltou a importância dos líderes cristãos compartilharem experiências e conselhos para o ministério.

“Os pastores, independente das barreiras denominacionais, precisam se encontrar e ter um tempo de oração. Ter um tempo para compartilhar, não sobre aquilo que nos faz divergir, mas compartilhar desafios do discipulado, do evangelismo, os desafios que o mundo nos impõe”, incentivou.

Antônio ainda celebrou a união entre líderes e igrejas, promovida pela Expoevangélica. “Como Igreja do Senhor, podemos estar juntos para sermos mais operantes, mais eficazes na proclamação do Evangelho de Jesus”, afirmou.
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quarta-feira, 19 de julho de 2023

Mais de 1.000 crianças são alcançadas com o Evangelho no Líbano

O ministério Heart for Lebanon tem o objetivo de alcançar 2.500 até agosto deste ano.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO MISSION NETWORK NEWS

Crianças que fazem parte dos projetos da missão no Líbano. (Foto: Reprodução/Instagram/Heart for Lebanon)

O Líbano está enfrentando diversos conflitos com Israel envolvendo a organização terrorista Hezbollah, que está expandindo seu alcance no país.

A crise política e econômica está longe de ser resolvida. Elio Constantine, do ministério “Heart for Lebanon”, explicou que o Líbano pode perder uma geração inteira, assim como a Síria:

“Organizações extremistas e radicais visam comunidades marginalizadas e vulneráveis. Eles trabalham para que as crianças sejam alimentadas com ideias extremas”.

Segundo a Mission Network News, os extremistas visam crianças porque são presas fáceis.

“Eles ainda têm uma mente fresca como uma esponja que absorve quase tudo, especialmente porque estão em uma situação desesperadora”, disse Elio.

Apresentando Jesus aos pequeninos

Com isso, surgiu a oportunidade de apresentar às crianças a Jesus por meio de jogos, artesanato, canções e lições bíblicas.

A alternativa oferece uma mentalidade protegida do ódio.

“Vamos interromper o ciclo. Criamos esse efeito cascata de esperança entre essas comunidades marginalizadas”, afirmou ele.

O co-fundador do Heart for Lebanon, Tom Atema, informou que esse é o objetivo do programa “Summer of Hope” (“Verão da Esperança”) do ministério. Uma iniciativa que estão realizando em junho, julho e agosto deste ano.

Tom disse que a intenção final é atingir 2.500 crianças. Durante o mês de junho, eles chegaram a 1.269 crianças em 187 lugares diferentes.

O projeto requer o esforço de toda a equipe para levar uma criança “do desespero à esperança”. Os voluntários se dedicam a passar horas visitando, encorajando, cuidando e orando com cada criança e sua família.

De acordo com o co-fundador, neste momento, três quartos do país vivem abaixo da linha da pobreza. A realidade cotidiana das famílias mais pobres leva a cada vez mais desespero.

No entanto, uma equipe atenciosa está no local para oferecer um ambiente seguro, divertido, acolhedor e cheio de amor, onde as crianças podem conhecer o amor de Cristo e podem ter esperança.

“Nós, como cristãos, aparecemos com um caminhão com atividades divertidas, clubes bíblicos, clubes esportivos e acampamentos diurnos com programas destinados a trazer de volta os sorrisos perdidos nos rostos das crianças”, disse ele.

“Mais do que isso, é uma ferramenta para ajudar as crianças a aprender sobre o Senhor amoroso e atencioso que temos. O propósito é compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo”, concluiu Tom.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

“Sempre quis agradar a Deus e ter as experiências dos profetas”, diz ex-jogador Hernanes

O ex-jogador Hernanes contou ao Guiame como foi seu encontro com Jesus e sua jornada de crescimento na fé.

FONTE: GUIAME, LUANA NOVAES

Hernanes no primeiro jogo da Copa do Mundo de 2014. (Foto: Wikimedia Commons/copa2014.gov.br)

Hernanes teve uma carreira ímpar no futebol, passando pela Seleção Brasileira e grandes clubes do Brasil e Europa, como São Paulo, Lazio, Internazionale e Juventus.

O que muitos não sabem é que por trás do “profeta” existe a história de um homem que amadureceu sua fé em Jesus Cristo ao longo dos anos.

É isso o que ele compartilha no livro “Carta do Profeta”, seu recente lançamento pela Citadel Grupo Editorial.

“O que me levou a escrever esse livro foi a percepção de uma confusão. São 20 anos que eu leio, pratico, estudo e faço da Bíblia o meu norte. Com o passar dos anos, fui amadurecendo o meu entendimento e notei uma confusão no entendimento e na interpretação da Bíblia”, disse Hernanes em entrevista exclusiva ao Guiame.

Assista a entrevista comple

Encontro com Jesus

Hernanes cresceu no interior de Pernambuco e, aos 15 anos, se mudou para São Paulo em busca de tentar uma oportunidade no futebol profissional. Foi na grande metrópole que ele conheceu Deus mais de perto.

“Em Pernambuco eu vivia em um lar católico e frequentava a igreja apenas em ocasiões especiais. Me lembro da Bíblia aberta na cômoda da minha mãe, mas eu não tinha conhecimento algum sobre aquele livro”, contou.

Em São Paulo, longe da família, Hernanes foi convidado por um amigo durante as concentrações para ir à igreja. Era 2001 e ele tinha apenas 16 anos. Ele aceitou o convite e tudo mudou desde então.

“Não sabia do que se tratava. Eu era completamente alheio a esse mundo religioso. Chegando lá eu me encantei com a mensagem e, naquele dia, a minha jornada começou. Eu aceitei a Cristo, comprei uma Bíblia e comecei a ler e a esquadrinhar com muita avidez. Eu era faminto pelo conhecimento”, revelou.

Depois de fazer diversos testes, Hernanes ingressou nas categorias de base do São Paulo no final de 2001. Foi um processo que envolveu sua recente descoberta sobre Deus.

“Se não fosse a minha confiança de que Deus abriria as portas, eu não teria conseguido. Cheguei no São Paulo aos 16 anos de idade e, aos 20, após quatro anos, o pessoal ainda não acreditava que eu fosse me tornar jogador profissional do São Paulo — tanto que não fizeram contrato”, contou.

“Nessa época, a minha confiança na Palavra foi fundamental, porque eu guardava no meu coração que eu iria jogar no São Paulo”.

Hernanes compartilhou uma experiência de fé após ouvir uma declaração do técnico do São Paulo na época, Emerson Leão: “Neste momento, a categoria de base não tem nenhum jogador que possa ser aproveitado no time profissional.”

“Essa frase saiu em um jornal. Eu lembro que eu recortei essa frase, coloquei na Bíblia como marca-página no texto em que Senaqueribe enviou uma carta para o rei de Judá, Ezequias, dizendo: ‘Vamos acabar com o seu exército’. O rei Ezequias pega a carta e a apresenta a Deus. Eu vi aquilo no jornal e disse: ‘Não aceito essa palavra, eu vou conseguir’. A minha vida com a Palavra e minha confiança em Deus era inabalável. Isso fez com que eu pudesse perseverar um pouco mais e a situação de repente mudou.”

O significado de profeta

Desde o início no São Paulo até sua aposentadoria, o meia ficou conhecido como “Profeta”. Para ele, isso era mais do que um simples apelido.

“Eu não me enxergava como tal”, confessa. “A minha vida com Deus foi marcada por dois desejos muito fortes: agradar a Deus e ter as experiências que os profetas tinham.”

“Como eu nunca tinha ouvido claramente Deus dizer ‘é isso’ ou ‘é aquilo’, como os profetas da antiguidade, eu não me considerava um profeta. Só que hoje, qual o sentido da palavra profeta? Por mais que eu não tenha tido essa experiência audível, Deus fala comigo de maneira diferente”, ele avalia.

Hernanes explica que o Espírito Santo ensina e guia os cristãos, mas nem sempre de forma audível como acontecia com os profetas.

“Isso muitas vezes acontece em nossa consciência. É uma voz interior. São alertas que você vai tendo durante o caminho. O profeta é aquele que consegue ouvir uma mensagem de Deus, e que tem uma mensagem de Deus para passar às pessoas”, ele observa.

Usado por Deus

O ex-jogador acredita que cada campo de atuação pode se tornar um campo missionário. Mas quando se trata de evangelizar seus colegas de profissão, ele acredita que “ministramos mais com a nossa vida do que falando”.

“Vivemos em um tempo onde a fé está muito difundida, todos já ouviram falar. Se você quiser forçar as coisas, se torna um pouco demasiado. Eu sempre busquei testemunhar com a minha vida.

Nas concentrações, caso surgisse uma oportunidade de expor a Palavra, eu sempre fazia com bom gosto. Mas o mais importante era o testemunho de vida”, ele afirma.

Hernanes se considera uma pessoa “sem meio termo” e muito “autodidata”. Foi isso o que o impulsionou a mergulhar nas Escrituras.

“Quando eu comecei a ler a Bíblia de Gênesis à Apocalipse, no início da caminhada, vi Jesus dizendo no Novo Testamento: ‘Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra’. Eu lia, entendia e obedecia. Quando eu tinha 17 ou 18 anos, houve um jogo em que um cara bateu na minha cara. Eu literalmente disse ‘bate na outra’ e ele bateu também. Eu ainda saí contente — obedeci a Palavra.”

Hernanes se aposentou do futebol em 2022, aos 36 anos. (Foto: Instagram/Hernanes)

Por outro lado, Hernanes passou a perceber que “se você tiver somente o desejo de obedecer e não tiver entendimento, a Palavra mesmo pode ser um motivo de prisão para você”.

“Devemos ter entendimento e eu só pude ter a ideia essencial das Escrituras depois de ter uma certa idade”, disse ele.

Carta do Profeta

Foi isso o que o levou a escrever o livro “Carta do Profeta”; a percepção de que há “muita confusão” no entendimento da Bíblia.

“Por exemplo, no Brasil pegamos o Evangelho e misturamos com o judaísmo — deixando claro que não tenho nada contra o judaísmo. Eu amo os judeus, eles são a prova de que Deus existe, porque é ignorância não reconhecer a fidelidade com que Deus os guardou nos séculos. Mas a aliança que Deus tem com os judeus é uma coisa, e não se relaciona com a aliança que Cristo tem com a Igreja”, Hernanes avalia.

“Do outro lado, eu vejo uma mistura do Evangelho com o paganismo de Roma. Eu morei em Roma, na Itália, e consegui identificar isso.”

Sua intenção como autor, segundo Hernanes, é apresentar o Evangelho como remédio para a alma de todo homem, de uma forma clara e contextualizada.


“Eu vejo as pessoas nas igrejas cansadas, sobrecarregadas, querendo ter uma fé honesta, mas por não ter esse entendimento e por causa de muitas cobranças que a religião impõe, as pessoas não conseguem ter uma fé livre. E quando eu digo livre não é para fazer as obras da carne. O Evangelho tem que ser entendido para ser vivido, para que com o coração livre possamos adorar a Deus”, disse ele.

Em seu livro, Hernanes mostra que o Evangelho tem o poder de libertar a alma humana de 6 coisas: do medo, da ignorância, da necessidade de aprovação, da culpa, da autocondenação e da vaidade dos próprios pensamentos.

“A carta é apenas a expressão de um coração desejoso de agradar a Deus, e não uma tese teológica. É uma forma de transmitir uma mensagem sobre os anos da minha vida com Deus”, finalizou.

Assista a entrevista completa no vídeo acima.

sábado, 15 de julho de 2023

Cristãos evangelizam e veem milagres em Wimbledon, o maior torneio de tênis do mundo

Há quase 20 anos, a equipe “Love All Serve All” evangeliza nas filas do Torneio de Wimbledon, em Londres.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO PREMIER

Equipe de voluntários de 6 igrejas do Third Space Ministries em Wimbledon. (Foto: Instagram/Third Space Ministries)

O Torneio de Wimbledon é um dos eventos esportivos mais tradicionais do mundo, conhecido por ser a mais antiga e reverenciada competição de tênis do circuito profissional.

Milhares de fãs de tênis fazem fila durante a noite em Wimbledon Park, em Londres, na esperança de conseguir um ingresso para ver seu atleta favorito na quadra, ou simplesmente absorver a atmosfera do icônico All England Club, onde os jogos acontecem.

Nesse lugar, há quase 20 anos, a equipe “Love All Serve All” (Amor Todos Servem a Todos, em tradução livre) tem ido a essas filas todas as noites para evangelizar. Como aproximação das pessoas, eles distribuem presentes, colocam-se à disposição para ouvi-las, para orar e conversar sobre a vida e sobre fé com elas.

“No Third Space Ministries (Ministério Terceiro Espaço), adoramos receber pessoas de todos os lugares na fila mais famosa do mundo e demonstrar algo da bondade de Deus para com elas”, diz Carolyn Skinner, CEO do Third Space Ministries e Líder de Apoio Pastoral para Capelania de Ginásios na Capelania Esportiva do Reino Unido.

“Reunimos uma equipe de voluntários (principalmente de igrejas locais) e, usando alguma terminologia do tênis, chamamos o que fazemos de 'Love All Serve All'. Mas nossa marca também tem uma base mais profunda; acreditamos firmemente que é isso que Jesus veio fazer, e o que ele nos chama, como seus seguidores, a fazer também”, explica Skinner.

Presente de Deus

O grupo também entrega brindes para as pessoas com mensagens encorajadoras, diz Skinner.

“Uma das coisas que distribuímos são bolas antiestresse de tênis, nas quais escrevemos palavras de verdade e esperança, como 'fé', 'amado', 'alegria', 'paz' ou uma frase curta, como ‘mantenha-se forte’. Oramos por essas bolas e confiamos que Deus usará as palavras escritas nelas para se conectar com um ponto de necessidade na vida de alguém”, diz.

Enquanto os presentes são distribuídos, os voluntários perguntam às pessoas se a palavra escrita na bolinha que receberam tem algum significado especial para elas. “É notável testemunhar como isso abre caminho para conversas mais profundas sobre assuntos relacionados a Deus”, diz Skinner.

“Também produzimos um Evangelho de Lucas com tema de tênis com um questionário dentro. Quando parece apropriado, nós os entregamos a pessoas que desejam saber mais sobre o que acreditamos. Há muito tempo para ler na fila de Wimbledon!”, conta.

A diretora do ministério diz que às vezes, os cristãos podem se sentir intimidados em compartilhar sua fé, mas sua experiência tem sido muito positiva sobre isso.

Evangelistas distribuem bolinhas com mensagens de fé. (Foto: Instagram/Third Space Ministries)

“Muitas vezes eu e minha equipe somos recebidos com aplausos, sorrisos e uma atualização se for um visitante anual [de como foi sua vida nesse período]. O clima na fila é tão bom que é uma alegria fazer parte da tradição anual que é Wimbledon”, revela.

“É por isso que fazemos isso ano após ano – e estamos felizes por estar de volta pelo segundo ano após o hiato pandêmico. E ao participar, o voluntário vê crescer sua própria fé, sua confiança em compartilhá-la e sua compreensão de como podem ser usados ​​por Deus”.

Semeando uma semente

Skinner relata que Deus age e faz milagres nas vidas por meio do ministério que realizam em Wimbledon.

“Ao longo dos anos, fomos encorajados a ver curas e salvações, mas isso é principalmente um exercício de semeadura. Não se trata de quantas pessoas falamos, ou quantos Evangelhos distribuímos, mas de valorizar verdadeiramente o indivíduo à nossa frente e ver as pessoas como Deus as vê. Nosso objetivo é derrubar barreiras e mudar a percepção das pessoas sobre Deus e a igreja”, explica.

Ela conta como tem sido essa relação com esse público ao qual esses cristãos decidiram compartilhar a fé em Jesus.

“Vimos encontros divinos, pois Deus conduziu nossa equipe a pessoas com quem existe uma conexão natural. Vimos pessoas rirem conosco e chorarem conosco. Ao nos sentarmos com aqueles que precisam de consolo, podemos demonstrar que existe um Deus que os ama, os conhece pelo nome e se preocupa profundamente com sua situação. Enquanto oramos, convidamos Deus a revelar mais de si mesmo e muitas vezes há uma sensação tangível de paz e conforto”, diz.

Skinner conta um caso concreto de uma mulher que pegou uma bola antiestresse na qual estava escrito: “Tenha fé”.

“Ela não conseguia acreditar. Ela arregaçou a manga e revelou uma tatuagem que dizia exatamente a mesma coisa. Só Deus pode criar esses momentos! Nossa equipe conversou e orou com a senhora e seu companheiro”.

“Eu amo o fato de que os fãs de tênis vêm a Wimbledon na esperança de ver uma celebridade ou conseguir um lugar na quadra central, mas muitas vezes vão embora tendo encontrado o Deus vivo!”, alegra-se.

Ela diz que este ano, mais uma vez, a equipe Love All Serve All está na fila de tênis de Wimbledon durante todo o torneio.

“Acreditamos que a oração é vital para o que fazemos e gostaríamos que você orasse pelos voluntários, por conversas significativas com os fãs e alguns belos encontros com Deus no SW19.”

sexta-feira, 7 de julho de 2023

“Não cabe ao Estado determinar o conteúdo teológico”, dizem juristas sobre caso Valadão

Em Nota, a ANAJURE oferece uma perspectiva jurídica sobre o caso, argumentando em defesa da liberdade religiosa e da expressão de fé.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA ANAJURE

André Valadão pregando na Lagoinha Orlando. (Captura de tela/YouTube/Lagoinha USA)

A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) divulgou uma Nota Pública, nesta quinta-feira (06), em resposta às acusações relacionadas à pregação feita por André Valadão durante um culto na Igreja Batista da Lagoinha em Orlando (EUA), em 2 de julho.

A mensagem de Valadão, cujo vídeo viralizou nas redes sociais, fala sobre como a liberdade de expressão tem sido atacada por aqueles que tentam fazer prevalecer suas ideologias.

Após ter sua mensagem bíblica tirada de contexto e distorcida, o pastor foi acusado por supostamente dizer para “evangélicos matarem LGBTs”. Valadão foi às redes sociais desmentir e repudiar as falsas interpretações feitas a sua pregação.

Na segunda-feira (03), dia seguinte à ministração de André Valadão, o Ministério Público Federal no Acre (MPF-AC) instaurou procedimento para apurar possível prática de homofobia por parte do líder religioso.

Nesta quinta-feira (06), a ANAJURE se pronunciou sobre as acusações de prática de discurso de ódio e incitação ao crime sofridas pelo pastor, emitindo uma nota pública em defesa da liberdade religiosa e da expressão de crenças.

ÍNTEGRA DA NOTA:

O Conselho Diretivo Nacional da Associação Nacional de Juristas Evangélicos – ANAJURE – no uso das suas atribuições, emite à sociedade brasileira a presente Nota Pública sobre a repercussão de discurso religioso proferido em culto por André Valadão.

I. Síntese fática

Em 2 de julho de 2023, em culto na Igreja Batista da Lagoinha em Orlando (EUA), o pastor André Valadão proferiu sermão religioso que gerou grande repercussão na imprensa e redes sociais, ensejando acusações de prática de discurso de ódio e incitação ao crime, em especial, contra pessoas LGBT.

No sermão em análise, intitulado “Teoria da Conspiração”, André Valadão expõe para a comunidade religiosa sua visão acerca das relações entre o cristianismo e a sociedade contemporânea. Para o líder religioso, haveria uma animosidade entre a ordem cristã e a ordem do mundo moderno, esta última buscando repelir e se afastar das influências morais cristãs. Para Valadão, esse processo teria se acelerado na contemporaneidade, especialmente a partir da aceitação jurídica e social do casamento homoafetivo, que teria sido “uma porta” para o afastamento social dos preceitos cristãos:

[…] A porta que se abriu para o casamento homossexual, homoafetivo, não é um mero casamento. “Mas eles se amam, Jorjão com Jorjão, Terezinha com Terezinha […] o que vale é toda forma de amor. Deixa casar, deixa viver”. Hoje você nas Paradas homens e mulheres nuas, com seus órgãos genitais completamente expostos, dançando na frente de crianças. Aí você horroriza.

Em face do cenário que representa, adotando simultaneamente a linguagem de guerra cultural e guerra espiritual, Valadão sustenta a necessidade de testemunho e influência pública dos cristãos, independentemente de qualquer tentativa de “censura” política e social. O objetivo seria, em analogia com a narrativa do dilúvio no livro de Gênesis[1], “resetar” a humanidade para seu estado natural de submissão à vontade divina, compreendido como a adesão aos preceitos morais do cristianismo. Neste momento, o pregador pronuncia a fala objeto da polêmica:

Essa porta foi aberta quando nós tratamos como normal aquilo que a Bíblia já condena. Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: “não, pode parar. Reseta”. Aí Deus fala, “não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês”. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você. Sacode os quatro do teu lado e fala: “vamos pra cima. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” […].

O trecho da fala acima transcrita foi veiculado pela internet, onde portais de mídia e internautas acusaram André Valadão de instigar condutas homicidas e discriminatórias contra pessoas LGBT[2]. Buscando afastar qualquer ambiguidade da fala, alguns canais de mídia[3] alteraram as palavras de Valadão para incluir a frase “Deus deixou o trabalho sujo para nós”, que não consta no vídeo original.

Em face das denúncias de cidadãos e parlamentares, o Ministério Público Federal foi acionado para investigar a conduta realizada pelo pastor.

Havendo sido provocada a se manifestar, a ANAJURE emite a presente Nota Pública à luz dos fatos apresentados.

II. Da proteção à liberdade religiosa

A liberdade religiosa é direito fundamental amplamente resguardado por diferentes textos normativos. Essa vasta proteção está relacionada à relação íntima entre espiritualidade e dignidade da pessoa humana, considerando o papel exercido pela religião ao conferir norte, significado e identidade aos seus adeptos. Compreendendo isso, o art. 18, da Declaração Universal dos Direitos Humanos dispõe que:

Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, em público ou em particular.

De modo semelhante, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos estabelece, em seu art. 18, item 1:

Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino.

Em âmbito regional, o Pacto de San José da Costa Rica preceitua nos seguintes termos:

Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto em público como em privado (grifo nosso).

A Constituição Federal de 1988, por sua vez, traz a seguinte disposição:

Art. 5º. (…) VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Cabe recordar que a proteção à liberdade religiosa abrange, a princípio, uma categoria subjetiva e outra objetiva.

No que se refere à categoria subjetiva, menciona-se o direito à liberdade religiosa relaciona-se ao indivíduo em sua comunidade. Nesta perspectiva, há tanto um aspecto interno (forum internum) quanto um aspecto externo (forum externum).

O primeiro diz respeito à liberdade que a pessoa tem de aderir ou mudar de religião. Esse processo de formação de convicções está ligado ao forum internum do indivíduo, ou seja, à sua esfera íntima de existência.

Igualmente importante o aspecto externo desse direito, que diz respeito à manifestação pública da religião. De fato, qualquer convicção profundamente assentada levará inevitavelmente a manifestações práticas de várias maneiras, que foram resumidas pela Declaração Universal de Direitos Humanos na forma de “ensino, prática, culto e observância”.

Além disso, a proteção à liberdade de religião detém uma categoria objetiva, que se refere ao modo como o Estado se relaciona com tal direito fundamental. Nesta visão, há tanto um aspecto negativo quanto positivo.

O primeiro corresponde à abstenção do Estado na escolha pessoal do sujeito sobre qual religião seguir ou em como colocá-la em prática, isto é, seus dogmas e preceitos de fé. Não é devido ao poder público se imiscuir na esfera de soberania da igreja, sem que haja prejuízo à ordem social.

O Estado e a igreja possuem diferentes âmbitos de atuação e competência, sendo necessário que cada um cumpra sua responsabilidade própria. Este conceito de “soberania das esferas” auxilia o pluralismo na sociedade, uma vez que se opõe a avocações ilegítimas de uma esfera social sobre outra, garantindo liberdades civis básicas[4].

Todavia, há também um aspecto positivo do direito à liberdade religiosa. O Estado garante os meios adequados para que os indivíduos possam praticar sua religiosidade. O poder público não fere o princípio da neutralidade ou da não confessionalidade ao cooperar com entidades religiosas para garantir e promover o direito à liberdade religiosa. A laicidade, por assim dizer, é a neutralidade benevolente do Estado para com as diversas manifestações religiosas.

III. O discurso religioso e a criminalização da homofobia

Para melhor análise do caso em questão, é oportuno relembrar sobre o conteúdo julgado na ADO 26. A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26 (ADO 26) deteve como objetivo primário questionar a suposta omissão do Congresso Nacional em editar lei específica que criminalizasse condutas discriminatórias em virtude de práticas consideradas homofóbicas ou transfóbicas. Sob a relatoria do Min. Celso de Mello, a suprema corte brasileira compreendeu que tais tipos de violência são traduzidas como expressões de racismo, ajustando-se aos preceitos da Lei nº 7.716/1989 (Lei de Discriminação Racial).

O Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, reconheceu que a repreensão penal à homotransfobia não deve restringir ou limitar o exercício da liberdade religiosa. Como visto, enquanto uma garantia fundamental, a liberdade de religião, atrelada à liberdade de expressão, é fundamento essencial em uma comunidade plural e democrática.

Segundo o voto do Min. Alexandre de Morais, a liberdade de expressão religiosa compreende:

“não somente as informações consideradas como inofensivas, indiferentes ou favoráveis, mas também as que possam causar transtornos, resistência, inquietar pessoas, pois a Democracia somente existe baseada na consagração do pluralismo de ideias e pensamentos – políticos, filosóficos, religiosos – e da tolerância de opiniões e do espírito aberto ao diálogo”.

Pontua-se, a partir do exposto, que não cabe ao Estado utilizar seu poder coercitivo com o propósito de persuadir alguém a manifestar qualquer prática religiosa ou a mudar a forma como a pratica. A crença, enquanto ato interno do indivíduo, e o credo, enquanto manifestação externa da crença, estão apartados do âmbito de atuação da autoridade governamental[5].

Nesse sentido, como assevera Jónatas Machado, o Estado Constitucional não pode intervir nas decisões de fé individual e no cumprimento das obrigações religiosas assumidas de forma livre pelas pessoas, mesmo quando envolvam a participação em comunidades religiosas minoritárias ou impopulares[6]. Percebe-se que, para o pleno exercício da liberdade, é necessário que o Estado respeite a esfera de soberania da comunidade religiosa ao não interferir na interpretação e vivência de seus dogmas e preceitos de fé.

Em termos práticos, isso significa que não será tipificada, como crime de homotransfobia, a afirmação de contradição entre os princípios éticos e morais defendidos por uma convicção religiosa e aqueles adotados por indivíduos que adotaram práticas homossexuais em suas vidas. Afinal, em sentido contrário, estar-se-ia aniquilando o pluralismo de ideias e crenças no cenário nacional.

Reconhecendo a realidade exposta, o STF, no julgamento da ADO nº 26, garantiu aos fiéis e ministros os direitos de: (1) pregar e divulgar livremente o seu pensamento; (2) externar suas convicções em conformidade com os seus livros sagrados; (3) ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica; (4) buscar e conquistar prosélitos; e (5) praticar atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, seja coletiva ou individualmente, conforme manifesta o acórdão do julgado:

“A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero” (grifos nossos).

IV. Da liberdade de expressão e do discurso de ódio

De fato, a proteção à liberdade religiosa não alberga em seu interior a liberalidade para discursos que promovam espécies de tratamento desumano, degradantes ou que incentivem a violência contra quaisquer grupos sociais. A ANAJURE repudia qualquer discriminação, hostilidade ou violência em razão de gênero ou orientação sexual, como reiteradamente tem declarado.

Entretanto, faz-se de suma importância diferenciar entre liberdade de expressão/religião e discurso de ódio. A incompreensão dos termos citados é danosa ao Estado Democrático, uma vez que pode gerar a supressão de um em virtude do alargamento do outro.

O STF, no julgamento do Recurso Ordinário em Habeas Corpus 134.682, de relatoria do Min. Edson Fachin, assegurou que o discurso discriminatório somente se materializa após ultrapassadas três etapas indispensáveis, quais sejam:

“uma de caráter cognitivo, em que atestada a desigualdade entre grupos e/ou indivíduos; outra de viés valorativo, em que se assenta suposta relação de superioridade entre eles e, por fim; uma terceira, em que o agente, a partir das fases anteriores, supõe legítima a dominação, exploração, escravização, eliminação, supressão ou redução de direitos fundamentais do diferente que compreende inferior”.

Logo, à luz do conteúdo transcrito, é preciso que todas as etapas sejam cumpridas para que o discurso seja considerado discriminatório. O mesmo não se dá com o discurso religioso legítimo, visto que, como menciona André Ramos Tavares[7], este envolve a concepção de que determinada crença há de ajudar o terceiro a alcançar um nível mais elevado de bem-estar, de salvação, não implicando esta conduta em discriminação, mas em manifestação de boa vontade do fiel para com seu interlocutor.

V. Análise do caso concreto

Frente ao exposto, cumpre proceder à apreciação da fala em questão.

Antes de mais nada, cumpre ressaltar que a presente análise não tem por objeto a adequação teológica ou pastoral da leitura religiosa proposta pelo Pr. André Valadão no sermão, atendo-se à controvérsia jurídica em questão. Nesse sentido, importa ressaltar, desde já, que a discordância religiosa sobre determinada conduta ou estilo de vida privados é legítima, sendo característica basilar de uma sociedade plural e democrática. Nesse sentido, desde que não haja incitação à violência ou discriminação, qualquer manifestação religiosa, pública ou privada, acerca de padrões éticos ou morais deve ser protegida a favor do direito à liberdade de expressão religiosa.

O cerne da polêmica em análise se dá em torno da interpretação da fala do pastor André Valadão. Como se observa, o trecho controvertido do discurso em questão carece da clareza e precisão necessárias à inequívoca comunicação da mensagem religiosa.

Isolada de seu contexto, isto é, do restante do sermão e das demais prédicas do religioso em sua comunidade de culto, a fala se mostra tragicamente ambígua, dando azo a acusações de discurso de ódio e incitação à prática de discriminação e violência contra pessoas LGBT. Caso assim se interprete, correlacionando o chamado proferido para “resetar” a sociedade com a suposta declaração de que Deus “mataria tudo e começava tudo de novo”, em analogia com a narrativa do dilúvio, poder-se-ia compreender não somente uma incitação à prática de homicídio contra pessoas LGBT, mas contra toda a humanidade.

Essa interpretação da conduta em questão não se mostra, contudo, em conformidade com a boa-fé. Conquanto a fala descontextualizada, veiculada pela mídia, seja ambígua ao ponto de levantar questionamentos quanto à sua licitude, a atividade docente do ministro religioso não se faz através de declarações ou mesmo prédicas isoladas, devendo ser compreendida dentro do quadro amplo de sua atuação.

Imediatamente após o surgimento das acusações de discurso de ódio, André Valadão esclareceu em suas redes sociais o sentido de suas declarações, afirmando que o intento de sua pregação não era disseminar ódio, violência ou intolerância, afastando tal interpretação de sua fala. Segundo o pastor:

Deus não vai resetar, matar, recomeçar a humanidade […]. Eu deixo claro na minha mensagem que cabe a nós puxarmos a corda, nós resetarmos. Quando eu digo para nós resetarmos, não digo para nós matarmos, eu não digo para nós aniquilarmos pessoas. O que eu digo é que cabe a nós levarmos o ser humano ao princípio da vontade de Deus, cabe a nós cristãos genuínos deixarmos claro o que é a vontade de Deus […]. Cabe a nós levarmos a mudança, o amor de Jesus, a graça de Deus[8]. (grifos nossos).

Em outra pregação, realizada em 4 de junho de 2023, André Valadão, no mesmo sentido, ressalta que:

O cristão, o homem e a mulher de Deus, abraça, cuida, até o último fôlego de vida. Não estou falando para perseguir, eu não estou falando pra bater, para não estar junto, para não trabalhar junto. Não tem nada disso. Nós amamos! Temos que amar! Amar o drogado, amar o alcoólatra, amar o adúltero… O qual muitos de nós fomos um dia! Amar o homossexual! Temos que amar! Temos que ter empatia.”[9] (grifos nossos).

Assim, dentro de seu contexto fático, pode-se observar a ausência de qualquer intento doloso de Valadão de estimular o cometimento de crimes contra pessoas LGBT ou qualquer outro indivíduo, devendo ser afastada como distorção e/ou falha comunicativa a interpretação que, da ambiguidade da fala, deriva uma incitação à prática de discriminação, homicídio ou supressão de grupos minoritários.

Logo, ao se interpretar a fala de André Valadão sob o pano de fundo do restante de sua pregação, ou em conexão com as demais declarações do líder religioso, constata-se a atipicidade da conduta. Tanto a adequada interpretação do sentido da frase, quanto a ausência do dolo necessário à caracterização dos fatos típicos de que é acusado, afastam qualquer alegação de prática de discurso de ódio ou incentivo ao crime e discriminação.

Portanto, a pregação realizada pelo pastor André Valadão não constitui discurso de ódio que promova a supressão ou redução da dignidade dos outros indivíduos. Antes, protegido pela decisão da ADO nº 26, o conteúdo de sua fala encontra guarida no direito à liberdade de expressão e de crença.

Pontua-se, deste modo, que não cabe Estado determinar o conteúdo teológico-doutrinário das declarações de fé dos grupos religiosos. Proceder de modo contrário é atentar contra o direito à liberdade de consciência e crença.

Ainda que os dizeres possam provocar certo grau de animosidade por parte de grupos específicos, não se infere qualquer intento violento direcionado a quaisquer pessoas ou grupos sociais. Possíveis discordâncias fazem parte da sociedade plural e democrática, constitucionalmente prevista no Brasil, devendo ser discutidas no âmbito público, mas não judicial. Cabe, todavia, aos ministros religiosos, em resposta ao dever de amor cristão, zelar pela clareza e precisão de suas declarações, de modo a evitar que estas deem margem a interpretações que acidentalmente ofendam ou estimulem a violência e discriminação contra indivíduos e grupos, bem como ao indevido acirramento de animosidades sociais, contrárias ao espírito e à propagação do Evangelho.

VI. CONCLUSÃO

Pelo exposto, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos – ANAJURE se manifesta nos seguintes termos:

a) Repudia qualquer tentativa de repressão aos direitos fundamentais do pastor André Valadão, em especial a liberdade de expressão e a liberdade religiosa

b) Condena quaisquer atos de violência, preconceito e discriminação contra a população LGBT, inadmissíveis em um contexto plural, de honra à dignidade da pessoa humana e de respeito às liberdades individuais, como prevê a Constituição Federal e as demais leis brasileiras.