domingo, 25 de julho de 2010

O PERIGO DOS ATALHOS NA CAMINHADA DA VIDA MINISTERIAL

Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” (1Tm 3:1). Que palavra de inspiração ministerial, escreveu Paulo a Timóteo! Imagino como soou isso aos ouvidos daqueles que tinham convicção em seu chamado ministerial, ao receberem as palavras de Paulo (creio ser o grande pregador, e motivador dos jovens pregadores da época). Afirmando que o desejo de ser ministro não era uma coisa qualquer, mais uma escolha de grande valor.

Certo dia conversava com um pastor sobre o desejo que ardia em meu coração, de anunciar o evangelho por onde passasse, sem me preocupar em que posição ministerial estaria, mas apenas anunciar a Jesus. Fui advertido. Ele citou (1Tm 3:1), e falava que mesmo eu não desejando um ministério, isso era algo de muita importância e grandeza.

Infelizmente o que ocorre são os extremos. Existem aqueles que têm uma chamada para desempenhar algo para Cristo, mas vivem no comodismo e não buscam fazer sua parte nos projetos de Deus. Enquanto isso existe aqueles que querem chegar onde Deus projetou, mas não permitem que as coisas aconteçam no tempo de certo, e buscam ou escolhem alguns atalhos para isso acontecer.

Durante estes dez anos na caminhada ministerial, tive a infelicidade de aprender errando, e com os erros de alguns. Principalmente no que diz respeito às oportunidades. Muitos obreiros que pude acompanhar seus ministérios, hoje se encontram desviados, outros se tornaram políticos, alguns depois de um tempo integrado ao ministério, voltaram as suas antigas profissões.

Qual seria o motivo de muitos não terem sucesso em seu ministério?

Vou abordar um, dos muitos fatores, que pude presenciar na vida de alguns, e fez com que muitos se tornassem fracassados, em um ministério que mal começou.

ATALHOS MINISTERIAIS


1-ATALHO DA RECIPROCIDADE- Jesus já tinha dado duas respostas sábias a Satanás. Mas o tentador acreditando que ainda poderia persuadir Jesus, ele faz uma proposta bem tentadora: “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (MT 4:8-9). Satanás acreditava que ele poderia fazer de Jesus o que na verdade já estava estabelecido (AP 15:11), acreditando que em troca de idolatria, poderia fazer de Jesus rei.

Esse engodo tem feito de muitos jovens ministros, vítimas e dependentes de obreiros fraudulentos, corruptos, gananciosos, avarentos, mesquinhos e autoritários. Tanto que enfrentam hoje a vergonha e desprezo de alguns, por serem considerados derrotados em seus ministérios.

Tive a infelicidade de presenciar algo há nove anos. Certo pastor que exercia uma função de destaque no ministério, que persuadiu alguns obreiros a apoiá-lo, com o intuito de derrubar um obreiro que possuía uma posição ministerial menor, porém financeiramente melhor. Ele prometeu aos ministros que haviam sido persuadidos, algumas vantagens ministeriais. Principalmente cargos dentro do ministério. Infelizmente o plano deu certo. O obreiro que era um dos principais na época, saiu do ministério indo para outra igreja, e o pastor cumpriu sua palavra, tornando seus cúmplices em pouco tempo, obreiros de destaque e de cargos privilegiados.

O que eu lamento hoje é ver esses obreiros distantes da posição que um dia alcançaram, através da conivência com o erro, optando pelo atalho da reciprocidade, estando hoje sem nenhuma função ministerial em sua igreja.

Não precisamos trocar um chamado, uma vocação, algo que Deus determinou para nossa vida, por um atalho ilusório e enganoso. Os atalhos para chegarmos ao lugar que Deus planejou, sempre vão existir. Convém a nós a escolha. Chegar onde Deus quer quando ele quer, ou chegar onde Deus ainda não quer, mas nós queremos.

2-ATALHO DO OPORTUNISMO- Quantos hoje desfrutam de uma posição profissional, política, ministerial e social, onde alguém teve que sofrer para ele estar nessa posição. Davi guardava em seu coração, a promessa feita por Deus quando ele ainda era jovem (1Sm 16:1-13), no qual seria o rei em Israel. Vejo Davi trabalhando para Saul como um “terapeuta”, e imaginando como seria uma vida de rei, como seria tomar conta de um povo, e se administrar o mesmo seria mais complicado que ovelhas. Enfim. Davi como um jovem cheio planos, certamente imaginava como seria ele na posição que se encontrava Saul.

Como bem sabemos. A história entre Davi e Saul não é das mais felizes na bíblia sagrada. Foram longos anos de sofrimento para Davi, vivendo no deserto, caverna, fingindo-se de louco, vivendo em território inimigo, e ter que carregar no coração a dor de ser perseguido, por apenas ter feito o certo.

Mas Davi sabia que as promessas de Deus têm o seu tempo determinado, e que não precisamos usar “atalhos” para alcançarmos.

Davi está na caverna escondido do enciumado Saul que o perseguia insistentemente. Chegando ali, Saul entrou numa dessas cavernas para aliviar-se, sem saber que Davi se encontrava assentado no fundo com seus homens. Estes logo perceberam a oportunidade que se oferecia e concluíram que o SENHOR havia entregado o rei Saul a Davi. Davi foi furtivamente até onde Saul estava, mas apenas cortou a orla do manto de Saul (que ele provavelmente havia tirado e colocado à parte), e voltou para onde estavam os seus homens.

A consciência de Davi ficou perturbada, pois tocar as vestes de Saul equivalia a tocar a pessoa do rei, e Davi sabia ser errado erguer a mão contra o rei ungido pelo SENHOR. Ele declarou isso aos seus homens, e com isso conteve aos seus homens, não permitindo que fizessem mal a Saul.

Embora Saul estive sendo rebelde a Deus, Davi ainda respeitava a posição que ele ocupava como o rei ungido por Deus. Sabia que um dia iria tomar o seu lugar, mas também que não lhe competia eliminá-lo.

Deixando Saul se retirar da caverna e prosseguir no seu caminho, Davi também saiu e gritou para Saul: "ó rei, meu senhor". É Deus quem dá poder e autoridade aos reis e governadores deste mundo (Rm 13:1-7). Em atitude de completa submissão, Davi declarou ao rei como teve a sua vida em suas mãos dentro da caverna, mas que o havia poupado porque era o ungido de Deus. Mostrou-lhe a orla que havia cortado da sua capa, como prova de que não o queria mal nem era rebelde. Declarou que deixava a justiça nas mãos do SENHOR, mas que nunca levantaria a mão contra Saul. Manifestou surpresa por ser perseguido por Saul, sendo que era absolutamente inofensivo ao rei.

Quantos já mataram os Sauls de suas vidas. Quantos usaram pessoas rebeldes como Saul, mas também inofensivos para chegarem onde estão. Davi tinha aproximadamente 600 homens o incitando a aproveitar a oportunidade para matar Saul, e tornar-se rei. Uma calúnia, um motim, uma difamação; muitos meios para destruir a posição de alguém para substituí-la. Quantos vices maquinando algo para ser o titular. Quantos falsos obreiros agindo como traidores, buscando uma oportunidade para assumirem posições, que ainda não lhes competem. Davi ainda por duas vezes teve a oportunidade de usurpar o trono, mas não o fez. Pois não era sua hora (1Sm 26:8-11 / 2Sm 1).


3-ATALHO DO NEPOTISMO - Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.

Originalmente a palavra aplicava-se exclusivamente ao âmbito das relações do papa com seus parentes (particularmente com o cardeal-sobrinho - (em latim: cardinalis nepos; em italiano: cardinale nipote), mas atualmente é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público. Distingue-se do favoritismo simples, que não implica relações familiares com o favorecido.

Nepotismo ocorre quando, por exemplo, um funcionário é promovido por ter relações de parentesco com aquele que o promove, havendo pessoas mais qualificadas e mais merecedoras da promoção. Alguns biólogos sustentam que o nepotismo pode ser instintivo, uma maneira de seleção familiar. Parentes próximos possuem genes compartilhados e protegê-los seria uma forma de garantir que os genes do próprio indivíduo tenham uma oportunidade a mais de sobreviver.

Um grande nepotista foi Napoleão Bonaparte. Em 1809, 3 de seus irmãos eram reis de países ocupados por seu exército.

Seria justificável o nepotismo no ministério pastoral? O pai que tem certa autoridade ministerial, fazer do posto um trampolim para seu filho? Ou o filho, ainda que tenha o chamado, fazer disso um atalho? Mas quantos pastores existem hoje, que nunca tomaram conta de um rebanho, são sustentados pelo ministério como “pastor de ovelhas”, mas não desempenham nada em seu ministério pastoral. Não sabem o que é ser incomodado pela madrugada para socorrer uma pessoa doente. Andar quilômetros a pé para cuidar de uma família, que por motivo justo não pode participar dos trabalhos da igreja. Não sabem o que é chorar com seu rebanho, não são respeitados pelo título que carregam. Vivem na retaguarda de alguém que mantém seu ministério. Não experimentaram as doces e amargas peregrinações de pastorear um povo.

Sabemos que não existe regra em relação ao nepotismo. Certo que muitos filhos, irmãos, e outros com grau de parentesco de ministros de sucesso, também se tornaram homens honrados. Os filhos de Eli (1Sm 2:22-23) tiveram tudo para serem grandes líderes espirituais de seu povo. Mas talvez a falta de preparo, inexperiência, o atalho do nepotismo, fez com que esses jovens se tornassem o fracasso espiritual de um povo.

Creio que Deus levanta homens de geração em geração. Não creio que Deus precise que o homem tome a decisão no seu tempo, não sabendo avaliar, e nem esperar o momento certo de Deus. Como disse Pedro; “Mas, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”. (2Pe 3:8-9). Não devemos jamais esquecer, que o ministério de cada um de nós deve ser Teocrático, e nunca Monárquico.

Que o Senhor nos guarde dos atalhos e engodos da vida.

Em Cristo,

Luciano Vieira

Fonte: Escritura em foco

2 comentários:

  1. A paz do Senhor prezamado Pr Brunelli!

    Grato pela consideração em publicar o artigo que o Senhor me permitiu escrever.

    Que o Senhor seja sempre contigo.
    Amplexos de seu conservo,
    Luciano Vieira

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  2. A Paz do Senhor meu caro Luciano

    Estamos sempre prontos para postar
    bons artigos. Continue escrevendo,
    use esse dom que Deus lhe concedeu.

    Na graça de Deus

    Pr. Brunelli

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