Adalto Silva falou sobre a intolerância religiosa que sofreu na Albânia, onde muitos torcedores e jogadores eram muçulmanos.
FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO UOL
Adalto Silva enfrentou intolerância religiosa enquanto jogava no Shkumbini Peqin, da Albânia. (Foto: Arquivo pessoal)
O futebol da Albânia apresentou muitos desafios para o meia-atacante brasileiro Adalto Silva. No entanto, sua maior dificuldade não foi com o esporte em si, mas sim com ataques racistas e intolerância religiosa.
Adalto, de 22 anos, jogou por seis meses no Shkumbini Peqin, um time da segunda divisão local. Natural do interior do Pará, ele foi impedido de fazer gestos e expressões de fé comuns entre cristãos.
“Quando nosso jogo ia ser transmitido na televisão para o país todo, tinha um dirigente que vinha até mim e sempre falava que eu não deveria fazer o sinal da cruz em campo e nem comemorar gol apontando os dedos para cima. Ele falava que era melhor evitar esses gestos pelo meu próprio bem, para minha segurança”, disse o jogador a Rafael Reis, colunista do UOL Esporte.
“O que eu mais ouvia, de torcedores adversários, pessoas na rua e até mesmo de companheiros de time era a expressão 'brasileiro cristão'. De vez em quando, ela era acompanhada de um xingamento”, relatou o jogador.
Embora o cristianismo seja uma religião predominante na maior parte dos países da Europa, a Albânia tem uma composição religiosa diferente. De acordo com o censo de 2011, mais de 55% dos quase 3 milhões de habitantes do país são muçulmanos.
Assim como a maior parte da população, a maioria dos jogadores do Shkumbini Peqin também seguem o Islã. Adalto disse que boa parte deles não escondia o incômodo em vê-lo professar uma fé diferente.
“No vestiário, quando eu me ajoelhava para fazer minhas orações, meus companheiros ficavam me encarando fixamente, com aquele olhar de estranhamento. Eu conseguia notar que alguns riam e outros comentavam alguma coisa enquanto eu rezava”, disse ele.
Adalto Silva enfrentou intolerância religiosa enquanto jogava no Shkumbini Peqin, da Albânia. (Foto: Arquivo pessoal)
Adalto teve que lidar não apenas com a intolerância religiosa, mas também com o racismo. “Eu me considero branco, mas acho que lá na Albânia eles enxergam minha cor diferente”, explica.
“Uma vez, fui reclamar com o árbitro durante uma partida e ele me ofendeu. Falou brasileiro cristão com um palavrão e apontou para o braço, naquele gesto de quem está mostrando que não respeita a minha cor”, continuou.
No começo do ano passado, Adalto decidiu sair da Albânia e se mudou para Alemanha, para começar a jogar em um time da sexta divisão. A pandemia de Covid-19 mudou os planos e Adalto voltou para o Brasil.
Em sua terra natal há um ano, Adalto jogou no segundo semestre a Série B do Campeonato Paraense pelo Tiradentes para recuperar a forma. Agora, negocia com um clube de Rondônia para disputar o Campeonato Estadual.
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