quarta-feira, 28 de junho de 2017

Saiba o que há por trás das festas juninas

Adaptada nos dias atuais pelas igrejas evangélicas, a festa começou com camponeses europeus em uma celebração pagã da colheita, fertilidade da terra e dos casamentos.

Com características pagãs, a Fête de Saint-Jean é comemorada na França. (Foto: Reprodução)
Com características pagãs, a Fête de Saint-Jean é comemorada na França. (Foto: Reprodução)
Se engana quem pensa que a festa junina e suas principais tradições como a quadrilha, o quentão e a canjica foram criados no Brasil. As características da festa têm origem diversas em países da Europa como França, Inglaterra, Alemanha e Portugal.

A comemoração foi trazida ao Brasil pelos portugueses no século 16 em conjunto com a Igreja Católica, somando um significado religioso na data.

“Aqui recebeu também as outras influências dos povos indígenas e dos povos negros, e já entraram como festas católicas”, explica à CBN a professora e pesquisadora de festas religiosas populares da UFMG, Lea Perez.

Nos últimos anos, a festa passou a ter adaptações da cultura americana country e das igrejas evangélicas. No Distrito Federal, por exemplo, fiéis da Comunidade Cristã Ministério da Fé, em Taguatinga, criaram em 2004 a primeira quadrilha gospel profissional do Brasil, conhecida como “Busca Fé”.

Segundo o Pastor Bruno Ânderson, há diferenças na maneira como o período de junho e julho é celebrado. “A origem é da corte francesa que chegou no Brasil. No começo foi estranho. Começaram a criticar, até por não conhecer a origem, né?”, disse ele. “Todo tipo de comida típica tem. A gente tem o famoso 'crentão'. É sem álcool, né... Só água, gengibre, açúcar”.

No entanto, a festa não nasceu com conotações do cristianismo. As comemorações eram feitas camponeses europeus para uma celebração pagã da colheita, fertilidade da terra e dos casamentos.

Esses rituais envolviam o acendimento de fogueiras, balões e comemorações com danças e cânticos. Na transição da Idade Antiga para a Idade Média, essas festividades passaram a ser assimiladas pela Igreja Católica, que soube diluir o culto aos deuses pagãos do período junino e substituí-los pelos santos.

Os termos típicos cantados pelos marcadores de quadrilha têm ligação com o jeito de falar dos franceses. “É por isso que a dança da quadrilha traz consigo essas palavras afrancesadas: anarriê, balancê”, explica Jádison Nantes, presidente da União Junina Mineira há mais de dez anos.

A quadrilha brasileira também teve influência dos franceses na tradição das danças de corte, adaptadas de clubes e salões europeus, que se misturaram às manifestações negras e indígenas. Hoje em dia, é possível encontrar Brasil inovações da quadrilha como a entrada da música eletrônica misturada à viola caipira e o sotaque carregado do interior.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DE CBN

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