domingo, 18 de junho de 2017

Três razões pelas quais a igreja ocidental deve se importar


O conceito de Igreja Sofredora não é novo. Normalmente, ele está relacionado com a perseguição dos cristãos ao redor do mundo. Mesmo que “sofredora” seja um termo tão amplo e até mesmo abstrato, muitos estão agora se referindo à Igreja Sofredora de uma maneira nova. O povo de Deus esteve sob outros tipos de opressão, relacionados à guerra, desastres naturais e instabilidade política, não apenas perseguição. Como vou apresentar neste artigo, devemos estar cientes dos desafios que nossos irmãos e irmãs enfrentam e mantê-los constantemente em nossas orações.
PORQUE HÁ UMA ÚNICA IGREJA

“Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. (Gálatas 3:28)

“Assim, há muitos membros, mas um só corpo” (1 Coríntios 12:20)

A maioria de nós não compreende a profundidade do que realmente significa ser uma igreja universal de Cristo. O Credo Apostólico proclama: “Eu acredito na santa igreja católica (ou universal)”. Este conceito inclui todos os verdadeiros cristãos, em qualquer lugar e a qualquer momento. Isso significa que nossa fé está tão poderosamente conectada, que literalmente transcende o espaço e o tempo. Recitamos essas frases, cantamos canções que as mencionam, mas este conceito é quase impossível de ser compreendido pela mente humana.

Você pode imaginar como seria se seu pastor tivesse sido preso por pregar o evangelho? Ou sua família ser ameaçada ou ferida fisicamente devido a suas crenças ou ensinamentos religiosos? Você pode imaginar sua igreja, talvez a igreja onde você cresceu, ser queimada por radicais? Raiva, tristeza e medo são alguns dos sentimentos que vêm à minha mente.

Bem, se a igreja é uma, então eu deveria sentir o mesmo pelo pastor paquistanês que teve que esconder sua família em uma caverna e deixar seu país depois de ser acusado de blasfêmia contra o Islã. Eu deveria ser capaz de sentir sua angústia, tendo que esperar dois anos torturantes para poder resgatar sua família e abraçar seus filhos.

Eu deveria sentir a mesma agonia e angústia pelas igrejas queimada a cinzas em Orissa, na Índia, ou nas distantes Ilhas Maluku, na Indonésia.

Se somos uma família em Cristo, eu deveria me sentir tão desesperado quanto ficaria se isso acontecesse contra minha própria família, como se fosse eu mesmo enfrentando esses tormentos.

Se somos um só corpo, devemos sentir o tormento, a dor, a angústia, o sofrimento e a tribulação de todos os nossos irmãos e irmãs em Cristo.

À medida que começamos a lidar com a verdade teológica a respeito da universalidade da igreja de Deus, somos forçados a considerar suas implicações práticas cotidianas. A única conclusão é envolver nossos corações, mentes e corpos em favor das almas sofredoras. Simplesmente não há nenhuma outra conclusão a que um irmão ou irmã cristão possa chegar, já não é possível ignorar a miséria que nos rodeia. Deus está nos chamando para agir em nome da família, nossa família em Cristo, ao redor do mundo.
PORQUE HÁ UM DISCIPULADO RECÍPROCO

Eu já passei algum tempo com irmãos perseguidos, especialmente na China e no Oriente Médio. Como missionário, sempre fui com a intenção de ajudar. Eu era capaz de oferecer treinamento, projetos iniciais de desenvolvimento junto a muitos outros tipos de serviços. No entanto, como ouvi de inúmeras outras pessoas que serviram em áreas semelhantes, eu definitivamente recebi muito mais do que estava oferecendo.

A igreja sofredora nos ensina resiliência e perseverança. Não é fácil para eles e eles não fingem que é. Mas eles olham para Cristo e confiam de todo o coração que Deus tem um plano que envolve seu sofrimento. Paulo diz: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar as sábias, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele” (1 Coríntios 1: 26-29).

Deus usou aqueles pobres e necessitados cristãos, sobreviventes carregando a aflição da injustiça e que foram perseguidos por sua fé. Deus usou os mais injuriados e desprezados em suas sociedades, para me colocar de joelhos, para me ensinar e educar. Este foi o verdadeiro discipulado.

Pastores que devem existir secretamente nestes regimes anticristãos são forçados a proteger e encorajar seus rebanhos sob as tempestades mais difíceis e geralmente não têm o benefício ou o acesso ao que consideramos uma educação adequada ou treinamento teológico.

Passei um tempo com um ex-pastor muçulmano do Sudão, que se tornou amigo íntimo e pessoal. Embora este homem não tivesse 10% do meu conhecimento teológico, eu não possuía 10% da qualidade de sua caminhada com o Senhor.
É UMA OPORTUNIDADE PARA PREGAR O EVANGELHO E PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA

“Dediquem-se à oração, estejam alertas e sejam agradecidos. Ao mesmo tempo, orem também por nós, para que Deus abra uma porta para a nossa mensagem, a fim de que possamos proclamar o mistério de Cristo, pelo qual estou preso. Orem para que eu possa manifestá-lo abertamente, como me cumpre fazê-lo.” (Colossenses 4: 2-4).

Richard Wumbrand, o fundador da organização ‘Voz dos Mártires’, passou muitos anos na prisão, como Paulo, o Apóstolo. Ele sofreu uma multidão de atrocidades, como descrito em seu livro Tortura para Cristo (Tortured for Christ). Em meio a torturas e dificuldades, ele foi capaz de discernir oportunidades preciosas para compartilhar sua fé. Como ele descreve em suas memórias: “Estávamos felizes pregando. Eles estavam felizes batendo, então todo mundo estava feliz”.

Isso é exatamente o que aconteceu no livro de Atos. Enquanto a igreja era perseguida em Jerusalém, incentivou e inspirou pregadores e plantadores de igrejas em vários outros lugares na região. Durante todo o seu sofrimento, haveria oportunidades de ministrar aos outros.

“E naquele dia houve uma grande perseguição contra a igreja em Jerusalém, e todos foram espalhados por todas as regiões da Judéia e Samaria, exceto os apóstolos. E os dispersos foram e pregaram a palavra.” (Atos 8: 1, 4)

É inegável que a perseguição não só leva a igreja à ação, mas também gera oportunidades genuínas para alcançar e testemunhar aos incrédulos. Muitos foram atraídos para o Senhor por causa da maneira que a igreja sofredora lida com essa opressão e ainda assim consegue superar.

Nos últimos três anos, a igreja no Irã tem experimentado um crescimento anual estimado em 19,6%. Os líderes locais da igreja relatam que muitos jovens têm buscado Jesus, a maioria deles decepcionados com os comportamentos violentos que caracterizam a fé islâmica na área.

Na Europa, a crise de refugiados está transbordando, gerando graves tensões políticas e divisões culturais. A islamização radical é um problema real e penetrante emergindo numa escala épica e global. No entanto, há também uma contracorrente emergindo de um ressurgimento do cristianismo e os valores que ele incorpora. Os cristãos que foram perseguidos em seus países de origem também estão inundando nações europeias, revitalizando a paixão por Jesus e plantando igrejas cristãs. Agora, esses irmãos pregam o Evangelho de uma maneira que não era permitida em suas próprias terras nativas. Os cristãos árabes também têm sido particularmente instrumentais na partilha do Evangelho no Brasil e em outras nações em desenvolvimento, onde o Islã está ganhando força.

Como afirmado anteriormente, não devemos nos sentir desanimados quando ouvimos como nossos irmãos e irmãs cristãos sofrem por causa de sua fé. Também não devemos sentir vergonha ou ficar embaraçados pela relativa liberdade religiosa que Deus nos deu no Ocidente.

O que é imperativo considerar, no entanto, é como podemos usar nossa posição para melhor servir aos que compartilham nosso profundo senso de fé. Como cristãos, temos um imperativo moral de usar nossos recursos e bênçãos para abençoar aqueles que não têm a capacidade de compartilhar das nossas liberdades. Devemos identificar como apoiar eficazmente nossos irmãos cristãos e como mobilizar a igreja em uma escala global, “especialmente os da família da fé” (Gálatas 6:10).

Fonte: More International; https://maisnomundo.org/

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