sexta-feira, 27 de novembro de 2015

ONU ataca governo e empresas por desastre ambiental


A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) afirmou que haverá monitoramento diário no rio Doce diante da chegada do período de chuvas

A ONU (Organização das Nações Unidas) classificou ontem como “claramente insuficientes” as medidas tomadas pelo governo brasileiro, a Vale e a anglo-australiana BHP para evitar os danos do rompimento da barragem em Mariana (MG).
“Não é aceitável que tenha demorado três semanas para que informações sobre os riscos tóxicos da catástrofe mineira tenham chegado à tona”, diz trecho do comunicado com declarações de dois relatores especiais da ONU, John Knox e Baskut Tuncak.

O rompimento da barragem da Samarco (presidida por Ricardo Vescovi e controlada por Vale e BHP) no dia 5 provocou um “tsunami de lama” - que também tinha rejeitos de uma mina da Vale (presidida por Murilo Ferreira).

Além da morte de peixes, os rejeitos levaram à interrupção do abastecimento de água em algumas cidades.

A mineradora foi obrigada pela Justiça a tomar medidas para atenuar os danos ambientais, como a instalação de boias de contenção.

No comunicado, os relatores da ONU citam a ameaça de a lama chegar ao parque de Abrolhos, no litoral da Bahia.

A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) afirmou que haverá monitoramento diário no rio Doce diante da chegada do período de chuvas. O trabalho será feito por embarcação da Marinha, que chega hoje à região.

“O acidente não terminou, está vivo ainda. Mariana é o desastre ambiental mais grave que o Brasil já teve e de impacto regional de proporções inimagináveis.” Para a ministra, é possível a recuperação do rio Doce, mas em um “compromisso de longo prazo”.

Licença
Ontem, um controverso projeto de lei proposto pelo governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), que acelera a concessão de licenças ambientais a empresas de mineração, foi aprovado na Assembleia Legislativa.

A proposta dará, por exemplo, poderes ao secretário de Meio Ambiente para conceder licenças em casos “prioritários”. Ela também obrigará a instalação de alertas sonoros em comunidades que podem ser atingidas por barragens - a falta desses avisos foi alvo de críticas depois do desastre em Mariana.

Hoje, as licenças são concedidas por um conselho formado por representantes do governo e da sociedade civil. O projeto foi aprovado com 57 votos. Nove deputados votaram contra. Ele seguirá para sanção do governador. (Folhapress)

Números

57 foi o número de votos a favor do projeto que acelera licenças

5/9 foi o dia em que as barragens se romperam em Bento Rodrigues

Saiba mais


Técnica de ultrafiltragem
Uma tecnologia empregada em cenários de guerra pode ser a saída para restabelecer de maneira segura o abastecimento de água ao longo da bacia do rio Doce. Segundo especialistas, para que os municípios possam voltar a captar água sem preocupações com eventual contaminação pela lama, as técnicas de ultrafiltração e a uma conhecida como “superfiltros” podem ser a chave. No último dia 5, cerca de 40 bilhões de litros de lama foram derramadas após o rompimento de uma barragem com rejeitos da mineradora.

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