Patric, atacante do Gamba Osaka, no Japão, e sua esposa, a missionária Sônia Oliveira, contaram seu testemunho em live transmitida pelo Guiame.
FONTE: GUIAME, LUANA NOVAES
Patric, atacante do Gamba Osaka, no Japão, e sua esposa, a missionária Sônia Oliveira. (Foto: Reprodução/Guiame)
A vida do atacante Patric e de sua esposa, Sônia, é marcada por superação e fé. Eles compartilharam seu testemunho de vida com o pastor Rodrigo Salvitti nesta quinta-feira (13) na série “Ouça Minha História”, promovida pelo Guiame.
Hoje Patric é um dos destaques do Gamba Osaka, no Japão, e está sendo cotado pela seleção japonesa para a Copa do Mundo do Qatar em 2022. Mas sua trajetória foi marcada por um começo difícil na sua cidade natal, Macapá (AM).
“Sempre tive o sonho de ser jogador, mas trabalhei quase seis anos lavando carros. Eu estudava a noite, saia do colégio e ia direto para o lava jato. Eu dormia em cima de uma mesa de bilhar ou em cima de um papelão no chão e acordava na madrugada para lavar os carros, porque tinha que entregar os veículos limpos para os taxistas, no outro dia de manhã”, ele conta.
“Trabalhava das 3h às 7h da manhã direto e, mesmo cansado, eu ia treinar de manhã. Eu tinha o sonho de ser jogador, mas ao mesmo tempo eu tinha que ter o meu ganha pão”, relata o altera.
Muitas vezes, Patric chegou a oferecer serviços de capinagem aos vizinhos para complementar a renda — e destaca que não se envergonha disso. “Eu sempre busquei trabalhar e jogar, foi um início bem difícil. Até o momento em que Deus me colocou em um novo lugar”, disse. “Lembrar das minhas origens e de tudo o que eu passei me dá forças para prosseguir”.
Patric observa que muitos jogadores no Amapá não conseguem se profissionalizar. “Muita gente pensa que eu saí do Amapá e fui para o outro lado do mundo porque eu tive sorte. Mas não foi sorte, foi muita perseverança e, principalmente, foi Deus. Se não fosse Deus, eu não teria chegado onde estou hoje”, afirma.
Em sua passagem pelo Vasco, entre 2010 e 2011, Patric viveu uma crise no seu casamento que o levou a analisar suas prioridades. “Às vezes um jogador vai para um time grande e a fama sobe para a cabeça. Mas aquilo foi permissão de Deus para eu chegar no nível em que eu estou com Deus”, afirma.
“Eu só queria saber de festas, baladas, bebedeiras e acabei deixando um pouco o futebol de lado. Quando eu percebi, meu casamento estava sendo destruído. Nós quase nos separamos. A minha esposa tinha acabado de ter bebê e a minha direção estava começando a ser totalmente diferente”, ele lembra. “Deus me permitiu passar por aquele deserto para me tornar o que eu sou e dar valor a esposa que eu tenho”.
Unidos por Deus
Patric conheceu Sônia em Belém (PA), na época em que ela havia deixado um relacionamento abusivo. Os dois logo se apaixonaram, mas o atleta teve que lidar com uma bagagem emocional e psicológica que sua futura esposa trazia.
Sônia havia sido internada por diversas vezes em clínicas psiquiátricas e havia recebido o laudo de esquizofrenia e depressão. “Eu já estava em um processo de loucura e tinha surtos muito violentos”, ela conta.
Quinze dias depois de conhecer Patric, ela teve um surto que afetou sua memória. Ela já não reconhecia mais o jogador, sua mãe e nem sua filha, Yone, hoje com 24 anos.
Foram quase 4 meses com a memória afetada e surtos com tentativas de fugir de casa. “Mas o Patric não desistiu de mim. Ele chegou a parar de treinar para cuidar de mim”, ela lembra.
Sônia conta que, em sua cidade, era conhecida como louca, mas Deus mudou sua história. “Na porta da minha casa, enchia de gente para ver o show que o diabo fazia, porque ele tomava conta de mim. Até que o Patric resolveu buscar por mim na igreja. Ele resolveu convidar a minha filha para ir com ele aos cultos e começaram a lutar para me ajudar espiritualmente”, relata.
“Até que um dia eu me lembrei de Jesus, porque eu conheci Jesus com 13 anos de idade, depois que eu fugi de casa. Naquele processo todo eu fui para a igreja, fui libertada e minha família toda também foi”, completa.
Luta contra o lúpus
Com a estabilidade financeira e a ascensão no futebol, o casal começou a se afastar de Deus. “Aqui no Japão nós éramos crentes, mas quando voltávamos para o Brasil, éramos totalmente diferentes. No Japão não tínhamos contatos com baladas, e nas visitas ao Brasil íamos para muitas festas. Mas a Deus ninguém engana”, diz Sônia.
O processo de transformação do casal começou em 2016, quando Patric sofreu uma lesão no Japão e foi se tratar no Brasil. Sônia, que já havia sido hospitalizada algumas vezes em Osaka, sentiu Deus falar com ela no caminho para o Brasil. “Deus me disse que iria tratar ele (Patric) e eu”, conta.
Na época, uma série de dificuldades começaram a surgir. Sônia, que havia engravidado, sofreu um aborto espontâneo. Isso aconteceu no mesmo período em que um de seus irmãos faleceu. Enquanto isso, Patric havia perdido o contrato com o Gamba Osaka devido à lesão.
“Deus fez um processo muito forte em nós dois”, lembra Sônia.
Depois de voltar para o Japão, Sônia acordou imobilizada e foi levada para o hospital, onde recebeu o diagnóstico do lúpus. “Eu estava como uma morta-viva. Meus órgãos estavam parando e precisei fazer uma cirurgia de emergência, pois meu rim estava parado”, conta.
“Quando isso aconteceu, eu entendi que Deus estava fazendo a obra em mim, mas eu não achei que fosse ser tão difícil”, diz Sônia. “Foi ali que eu entendi que, ou eu ia para Jesus, ou eu morria. E ali eu fui para Jesus”.
Imagens de Sônia Oliveira no hospital, durante luta contra o lúpus. (Foto: Reprodução/Guiame)
Foi no quarto do hospital que ela começou a gravar vídeos e passar a mensagem que Deus estava gerando nela.
“Ali eu comecei a trabalhar na obra e Deus me dizia: ‘Não olhe para as circunstâncias, vai parecer impossível, mas a última palavra é Minha’. Eu fui inchando, fui deformando, fiquei paralítica por seis meses, perdi cabelo, perdi a fisionomia. Eu me olhava no espelho e eu sabia que aquilo ia passar”, Sônia conta. “Eu não tinha medo e sabia que a glória da segunda casa seria maior do que a primeira”.
Os médicos diziam que a doença de Sônia era irreversível, mas o diagnóstico de lúpus não existe mais. “Eles dizem que se não fossem meus médicos, me diriam que eu nunca tive lúpus”, disse ela, celebrando a cura. “É como se meus órgãos nunca tivessem sido lesionados, é como se tudo em mim fosse novo”.
Hoje Patric entende que os dois são testemunhos e exemplos para uma geração. “Meu trabalho também é uma forma de poder falar do que Deus fez nas nossas vidas. Quando eu faço gol sempre agradeço a Deus. Nas entrevistas eu sempre digo que não foi o homem, mas sim Deus que abriu as portas para mim no Japão. Hoje, como pessoas públicas, temos que ser exemplo na nossa casa e fora”, diz o jogador.
Sônia Oliveira tem mais de 72 mil seguidores no Instagram, 17 mil inscritos no YouTube e 18 mil seguidores no Facebook, que recebem orações e mensagens diárias. Além disso, ela ajuda mais de 300 mulheres em um grupo no WhatsApp.
“O dinheiro que a gente gastava com remédios hoje investimos para alcançar pessoas”, celebra Patric.
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