Desde 2021, a empresa anglo-polonesa Walletmor se tornou a primeira a colocar à venda chips de pagamento implantáveis.
FONTE: GUIAME, COM
INFORMAÇÕES DA BBC
"O procedimento dói tanto
quanto quando um beliscão na pele", diz Patrick Paumen, de 37 anos, que
recebeu um implante de microchip em sua mão. Com o dispositivo, o holandês
consegue pagar suas despesas em lojas ou restaurantes.
Paumen não precisa usar dinheiro, cartão de banco ou celular para pagar as contas, como a maioria das pessoas fazem. Ele simplesmente coloca a mão esquerda perto do leitor de cartão e o pagamento é realizado.
"As reações que recebo dos
caixas são impagáveis", diz Paumen, que trabalha como guarda de segurança.
O implante
do microchip de pagamento sob a pele de sua mão foi feito em 2019.
Mas Paumen não foi o primeiro ser
humano a receber um microchip em seu corpo. Iniciada em 1998, foi na última
década que a tecnologia ficou disponível comercialmente.
Chips de pagamento
Desde 2021, a empresa
anglo-polonesa Walletmor diz que se tornou a primeira a colocar à venda chips
de pagamento implantáveis.
"O implante pode ser usado
para pagar uma bebida na praia do Rio, um café em Nova York, um corte de cabelo
em Paris — ou no supermercado local", diz o fundador e
presidente-executivo Wojtek Paprota. "Ele pode ser usado onde quer que
pagamentos sem contato sejam aceitos."
Pesando menos de um grama, o
dispositivo da Walletmor é pouco maior que um grão
de arroz. Ele é composto por um minúsculo microchip e uma antena
envolta em um biopolímero — um material de origem natural, semelhante ao
plástico.
Paprota diz que o chip é
totalmente seguro, tem aprovação regulatória e funciona imediatamente após ser
implantado. Também não requer bateria ou outra fonte. A empresa diz que já
vendeu mais de 500 dispositivos.
Aprovação
Uma pesquisa de 2021 com mais de 4
mil pessoas no Reino
Unido e na União Europeia apontou que 51% considerariam fazer um
implante.
No entanto, sem fornecer uma
porcentagem, o relatório acrescentou que "questões de invasão e segurança
continuam sendo uma grande preocupação" para os entrevistados.
Paumen diz que não tem nenhuma
dessas preocupações.
"Os implantes de chip contêm
o mesmo tipo de tecnologia que as pessoas usam diariamente", diz ele,
"desde chaveiros a destrancar portas, cartões de transporte público como o
cartão Oyster [do transporte público de Londres] ou cartões bancários com
função de pagamento sem contato."
"A distância de leitura é limitada
pela pequena bobina da antena dentro do implante. O implante precisa estar
dentro do campo eletromagnético de um leitor RFID [ou NFC]. Somente quando há
um acoplamento magnético entre o leitor e o transponder o implante pode ser
lido."
Ele acrescenta que não está
preocupado em ser
rastreado.
"Os chips RFID são usados
em animais de estimação para identificá-los quando estão perdidos", diz
ele. "Mas não é possível localizá-los usando um implante de chip RFID — o
animal desaparecido precisa ser encontrado fisicamente. Então todo o corpo é
escaneado até que o implante de chip RFID seja encontrado e lido."
Privacidade
A principal preocupação das
pessoas sobre os implantes é sobre os dados privados, além da possibilidade de
serem rastreadas.
Especialista em Tecnologia
Financeira, Theodora Lau, diz que os chips de pagamento implantados são apenas
"uma extensão da internet das coisas". Ou seja, trata-se de uma nova
maneira de conectar e trocar dados.
No entanto, embora ela diga que
muitas pessoas estão abertas à ideia — pois tornaria o pagamento das coisas
mais rápido e fácil — o benefício deve ser ponderado com os riscos.
Especialmente na medida em que os chips comecem a carregar mais informações pessoais.
"Quanto estamos dispostos a
pagar por conveniência?", pergunta. "Onde traçamos a linha quando se
trata de privacidade e segurança? Quem protegerá a infraestrutura crítica e os
humanos que fazem parte dela?"
Nada Kakabadse, professora de
Política, Governança e Ética na Henley Business School da Reading University,
também é cautelosa sobre o futuro de chips mais avançados.
"Existe um lado sombrio da tecnologia que tem potencial para abuso", diz ela. "Para aqueles que não amam a liberdade individual, abre novas e sedutoras visões de controle, manipulação e opressão. E quem é o dono dos dados? Quem tem acesso aos dados? E é ético colocar chip em pessoas como fazemos com animais de estimação?"
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