quarta-feira, 13 de abril de 2022

Implantes de microchip permitem pagamento usando apenas a mão

Desde 2021, a empresa anglo-polonesa Walletmor se tornou a primeira a colocar à venda chips de pagamento implantáveis.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA BBC

Um raio-x mostra um implante Walletmor, que é injetado na mão de uma pessoa após um anestésico local. (Foto: Reprodução / BBC)

"O procedimento dói tanto quanto quando um beliscão na pele", diz Patrick Paumen, de 37 anos, que recebeu um implante de microchip em sua mão. Com o dispositivo, o holandês consegue pagar suas despesas em lojas ou restaurantes.

Paumen não precisa usar dinheiro, cartão de banco ou celular para pagar as contas, como a maioria das pessoas fazem. Ele simplesmente coloca a mão esquerda perto do leitor de cartão e o pagamento é realizado.

"As reações que recebo dos caixas são impagáveis", diz Paumen, que trabalha como guarda de segurança.

Patrick Paumen também tem ímãs implantados em seus dedos. (Foto: Reprodução / BBC)

implante do microchip de pagamento sob a pele de sua mão foi feito em 2019.

Mas Paumen não foi o primeiro ser humano a receber um microchip em seu corpo. Iniciada em 1998, foi na última década que a tecnologia ficou disponível comercialmente.

Chips de pagamento

Desde 2021, a empresa anglo-polonesa Walletmor diz que se tornou a primeira a colocar à venda chips de pagamento implantáveis.

"O implante pode ser usado para pagar uma bebida na praia do Rio, um café em Nova York, um corte de cabelo em Paris — ou no supermercado local", diz o fundador e presidente-executivo Wojtek Paprota. "Ele pode ser usado onde quer que pagamentos sem contato sejam aceitos."

Pesando menos de um grama, o dispositivo da Walletmor é pouco maior que um grão de arroz. Ele é composto por um minúsculo microchip e uma antena envolta em um biopolímero — um material de origem natural, semelhante ao plástico.

Paprota diz que o chip é totalmente seguro, tem aprovação regulatória e funciona imediatamente após ser implantado. Também não requer bateria ou outra fonte. A empresa diz que já vendeu mais de 500 dispositivos.

Aprovação

Uma pesquisa de 2021 com mais de 4 mil pessoas no Reino Unido e na União Europeia apontou que 51% considerariam fazer um implante.

No entanto, sem fornecer uma porcentagem, o relatório acrescentou que "questões de invasão e segurança continuam sendo uma grande preocupação" para os entrevistados.

Paumen diz que não tem nenhuma dessas preocupações.

"Os implantes de chip contêm o mesmo tipo de tecnologia que as pessoas usam diariamente", diz ele, "desde chaveiros a destrancar portas, cartões de transporte público como o cartão Oyster [do transporte público de Londres] ou cartões bancários com função de pagamento sem contato."

"A distância de leitura é limitada pela pequena bobina da antena dentro do implante. O implante precisa estar dentro do campo eletromagnético de um leitor RFID [ou NFC]. Somente quando há um acoplamento magnético entre o leitor e o transponder o implante pode ser lido."

Ele acrescenta que não está preocupado em ser rastreado.

"Os chips RFID são usados ​​em animais de estimação para identificá-los quando estão perdidos", diz ele. "Mas não é possível localizá-los usando um implante de chip RFID — o animal desaparecido precisa ser encontrado fisicamente. Então todo o corpo é escaneado até que o implante de chip RFID seja encontrado e lido."

Privacidade

A principal preocupação das pessoas sobre os implantes é sobre os dados privados, além da possibilidade de serem rastreadas.

Especialista em Tecnologia Financeira, Theodora Lau, diz que os chips de pagamento implantados são apenas "uma extensão da internet das coisas". Ou seja, trata-se de uma nova maneira de conectar e trocar dados.

No entanto, embora ela diga que muitas pessoas estão abertas à ideia — pois tornaria o pagamento das coisas mais rápido e fácil — o benefício deve ser ponderado com os riscos. Especialmente na medida em que os chips comecem a carregar mais informações pessoais.

"Quanto estamos dispostos a pagar por conveniência?", pergunta. "Onde traçamos a linha quando se trata de privacidade e segurança? Quem protegerá a infraestrutura crítica e os humanos que fazem parte dela?"

Nada Kakabadse, professora de Política, Governança e Ética na Henley Business School da Reading University, também é cautelosa sobre o futuro de chips mais avançados.

"Existe um lado sombrio da tecnologia que tem potencial para abuso", diz ela. "Para aqueles que não amam a liberdade individual, abre novas e sedutoras visões de controle, manipulação e opressão. E quem é o dono dos dados? Quem tem acesso aos dados? E é ético colocar chip em pessoas como fazemos com animais de estimação?" 

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