segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

ASSEMBLEIA DE DEUS E A DIVISÃO EM PERNAMBUCO MEMBROS SÃO PROIBIDOS DE VISITAREM OUTRAS DENOMINAÇÕES

ASSEMBLEIA DE DEUS E A DIVISÃO EM PERNAMBUCO 
MEMBROS SÃO PROIBIDOS DE VISITAREM OUTRAS DENOMINAÇÕES
CANTORES E PREGADORES NÃO PODEM CANTAR PREGAR EM OUTRAS DENOMINAÇÕES
A SANTA CEIA É RESERVADA APENAS PARA MEMBROS DO MESMO MINISTÉRIOATÉ A SAUDAÇÃO "A PAZ DO SENHOR"! É PROIBIDA A MEMBROS DE OUTRAS DENOMINAÇÕES

Os estudiosos das Assembleias de Deus sabem que a denominação, ainda que enorme e presente em todo território nacional é fracionada em vários ministérios nem sempre amigos entre si. Um exemplo clássico dessa fragmentação é o ministério de Madureira, o qual devido ao seu expansionismo causou diversas polêmicas entre as lideranças das igrejas da Missão. Desligados da CGADB, hoje Madureira segue realizando seu trabalho sem mais aquelas antigas contestações.

Mas outros casos existem no Brasil a fora. Um dos mais conhecidos é o caso da Assembleia de Deus em Pernambuco. Lá convivem, concorrem e se digladiam os ministérios da AD em Recife e de Abreu e Lima. Mas como a AD no estado pernambuco chegou a esse ponto de possuir dois ministérios antagônicos?

A mensagem pentecostal teria chegado a Pernambuco por intermédio de Adriano Nobre em 1916, porém é com o casal sueco Joel e Signe Carlson que a AD iniciou suas atividades oficiais na capital pernambucana. Da capital se expandiu para o interior e diversas congregações foram abertas, mas sempre sob a supervisão da igreja mãe em Recife. Em 1927, num povoado chamado de Maricota (posteriormente denominado Abreu e Lima) na região de Paulista, a mensagem pentecostal brota e se desenvolve. Sempre sob muitas lutas e perseguições a congregação assembleiana se estabelece e prospera, e após muitas dificuldades inaugura seu templo próprio em 1942.

AD em Abreu e Lima: ministério autônomo em Pernambuco
Na história oficial da AD em Abreu e Lima, há alguns indícios do desejo de independência por parte dessa congregação. No ano de 1953, o pastor João de Paiva, descrito como um senhor sisudo, fechado e limitado em suas funções pastorais devido a sua constante enfermidade (asma), e rigoroso quanto aos usos e costumes das ADs, resolveu dar autonomia jurídica a igreja, sendo conhecida - após esse registro - como Campo de Abreu e Lima. Isso foi feito no dia 15 de outubro de 1953. No dia 13 de novembro, pastor Paiva é destituído do cargo, ou seja, a autonomia não foi reconhecida pelo ministério da AD em Recife.

Teria a atitude do pastor João de Paiva ligações com a crise sucessória da AD em Recife? Pois em setembro do mesmo ano, o pastor José Bezerra da Silva é destituído por questões morais do seu cargo de líder da igreja. O comando interino da igreja ficou sob a responsabilidade do pastor José da Rosa Santos, até a posse de Manuel Messias em 02 de novembro de 1953. No livro histórico da AD em Abreu e Lima, os autores deixam uma pista. Segundo os escritores, pastor Paiva citava sempre o versículo de Provérbios 24. 21: "Teme ao Senhor, filho meu, e não te entremetas com os que buscam mudanças".

Seria insatisfação com os rumos da denominação? Pelo perfil apresentado é possível que sim. O velho sentimento de "bairrismo", muito comum nas ADs já estava em plena evidência em Abreu e Lima. O certo é que Paiva foi sucedido justamente por José Rosa dos Santos. E foi na sua interinidade como pastor em Recife, que pastor Paiva tentou num gesto unilateral dar autonomia a igreja.

Outro indicio de independência, foi a atitude do novo líder José Rosa dos Santos de adotar o cálice individual na ceia. Censurado pelo ministério do Recife, foi acusando de romper com a "tradição sueca, trazida pelo missionário Joel Carlson" e de sair da "doutrina". Ainda segundo a história oficial, a igreja de Abreu e Lima foi imitada nesse gesto por outras igrejas em Pernambuco. Como conclusão desse rompimento ritualístico e cerimonial assim é dito: "Este fato comprova, de forma vívida e incontestável, a autonomia eclesiástica da Assembleia de Deus em Abreu e Lima em relação a Recife".

Observa-se porém, que a autoproclamada autonomia jurídica, não resultou em independência eclesiástica, pois ao fazer isso o pastor Paiva perdeu seu cargo. A autonomia jurídica somente seria realizada quase três décadas depois com o pastor Issac Martins Rodrigues. Essa cisão é descrita pelo estudioso Moisés G. de Andrade como uma "divisão branca".

Percebe-se também em tudo isso, a operação historiográfica para legitimar a cisão de Abreu e Lima com o ministério do Recife. Tal operação - intencional e ideológica - como tantas outras, procura na história dar sentido a um conflito agudo entre ministérios concorrentes no presente. Conflito que será em outra postagem melhor abordado.

Fontes:

ANDRADE, Moisés Germano de. "Uma história social" da Assembleia de Deus: a conversão religiosa como forma de ressocializar pessoas oriundas da criminalidade. Dissertação (Mestrado) - Universidade católica de Pernambuco. Pró-reitoria Acadêmica. Curso de Mestrado em Ciências da religião, 2010.

FRESTON, Paul. Breve História do Pentecostalismo. In: ANTONIAZZI, Alberto. Nem anjos nem demônios; interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994.

SANTOS, Roberto José. (Org.). Assembleia de Deus em Abreu e Lima - 80 Anos: síntese histórica. Abreu e Lima: FLAMAR, 2008. Fonte:http://mulheresabias.blogspot.com.br/2016/01/assembleia-de-deus-e-divisao-em.html

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