NT Wright acredita que, pregasse hoje, a mensagem do apóstolo seria rejeitada pelos cristãos
por Jarbas Aragão
NT Wright
O que a igreja moderna diria sobre o apóstolo Paulo? Para o estudioso bíblico de renome mundial NT Wright, a mente ocidental moderna se desesperaria com o que esse “extremista” realmente pensava sobre o papel dos cristãos.
Para Wright, Paulo poderia ser considerado uma pessoa até perigosa. O teólogo está lançando seu livro “Paulo: A Biografia”, onde mostra como não procede a tentativa de alguns pastores de tratar o Novo Testamento como uma obra dividida em dois pensamentos distintos.
“Alguns querem contrastar Paulo e Cristo – o primeiro seria austero e agressivo, mais interessado em pecado, doutrina e julgamento após a morte que o último, descrito como um pregador pastoral, que só fala do Reino de Deus”, resume.
Professor da Universidade de St. Andrews, na Escócia, Wright passou grande parte de sua vida estudando a Bíblia e escrevendo. Em seu currículo possui várias obras de denso cunho teológico. A opção agora foi fazer uma biografia do apóstolo contada em forma de romance. Um “drama” envolvente, mostrando como ele passou de um fariseu perseguidor de cristãos ao pregador que ajudou a estabelecer as bases doutrinárias da igreja.
O autor não tem dúvida que o apóstolo Paulo é “um dos intelectuais públicos mais influentes da história do mundo”, realizando um fato “extraordinário”, considerando que sua obra na verdade fora um punhado de cartas.
“Paulo ensinou à primeira geração da igreja mundial como agir, iniciando um novo processo para ensinar as pessoas a pensar, de maneira diferente, em Cristo. É por isso que ele diz em Romanos 12: ‘Sejam transformados pela renovação de suas mentes’. Esse é o desafio, criar uma nova maneira de pensar”, assegura.
Outro elemento essencial do trabalho de Paulo é a preservação da herança judaica, algo que se choca com a dolorosa realidade do antissemitismo de hoje. “A cultura ocidental ainda não descobriu quem são os judeus e o que devemos pensar sobre eles”, assegura Wright.
“Paulo acredita ser um judeu completo por seguir o Messias de Israel. Grande parte da tradição ocidental posterior ‘filtrou’ os elementos judaicos da sua mensagem”, lamenta o estudioso.
Uma das questões levantadas por Wright no livro é como Paulo ofenderia muitos dos pastores modernos. Em tempos onde se fala tanto em fanatismo religioso, as ideias do apóstolo aos gentios não seriam bem-vindas na maioria dos púlpitos. Afinal, o apóstolo sempre enfatizou que a salvação é só em Cristo, não deixando dúvidas sobre o destino daqueles que não seguem o caminho proposto por Deus: a condenação ao inferno.
Caso fosse colocado em uma igreja típica do século XXI, a reação do público seria: “Obrigado, mas não gostamos disso. Isso nos coloca em problemas, teríamos desentendimentos com nossos vizinhos e nossos amigos, não queremos nada disso”.
Evangelho da “vida abençoada”
Refletindo sobre religião e sociedade no ocidente nas últimas décadas, Wright diz que “a internet e o islamismo são duas coisas importantes que reformularam nossa maneira de pensar e de agir. Agora associamos extremismo aos islâmicos. Qualquer um que tenha uma visão clara sobre o que diz a Bíblia já chamamos de extremista”.
Um dos maiores problemas do evangelho pregado hoje em dia é que as pessoas só querem uma “vida tranquila e abençoada”. “Se Paulo pudesse voltar hoje, acho a coisa que mais iria surpreendê-lo e horrorizá-lo é nossa falta de unidade e pior, o quando não nos importamos com essa falta de unidade. Em todas as suas cartas ele fala sobre unidade… seu foco era na unidade e santidade, algo que seria essencial, mas que hoje não são tratadas como questões essenciais nas igrejas.”
Quando questionado sobre os constantes debates sobre sexualidade, Wright adverte contra um dualismo que envolve a graça da criação e um gnosticismo que minimiza a sacralidade do corpo.
Ele explica: “Precisamos lembrar que a igreja primitiva não seguia os caminhos do mundo, tentando ser como o mundo. Você não pode dar respostas aos dilemas morais de nossos dias, sem ver como os primeiros cristãos abordaram isso. É a máxima paulina novamente: temos que aprender não apenas o que pensar, mas como pensar”. Com informações Christian Today
Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br
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