segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Itália terá governo mais à direita desde a 2ª Guerra Mundial

Líder do partido Irmãos da Itália, Giorgia Meloni é a primeira mulher a se tornar primeira-ministra no país.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DA BBC E EVANGELICAL FOCUS


Giorgia Meloni durante discurso à imprensa, segurando placa ‘Obrigada Itália’. (Foto: Reprodução/Facebook/ Giorgia Meloni)

Giorgia Meloni deve se tornar a primeira mulher primeira-ministra da Itália, após vencer as eleições parlamentares. Espera-se que a líder italiana forme o governo mais direitista do país desde a Segunda Guerra Mundial.


Considerada de extrema-direita e nacionalista pela mídia, a líder dos Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália, nome retirado do hino nacional) recebeu o maior apoio com 26,1% dos votos, ficando à frente de seu rival mais próximo, Enrico Letta, de centro-esquerda.


A aliança de direita de Meloni – que inclui a Liga de extrema-direita de Matteo Salvini e a Forza Italia, de centro-direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi – assumirá o controle do Senado e da Câmara dos Deputados, com cerca de 44% dos votos.


Os grupos de centro-esquerda ficaram muito atrás da direita com 26% dos votos e a figura do Partido Democrata Debora Serracchiani disse que foi uma noite triste para a Itália. A direita "tem maioria no parlamento, mas não no país", destacou.


Discursos


Em seu discurso após a votação, Meloni disse que seu partido "governaria para todos" e não trairia a confiança das pessoas.


"Os italianos enviaram uma mensagem clara a favor de um governo de direita liderado pelos Irmãos da Itália", disse ela a repórteres em Roma, segurando uma placa dizendo "Obrigada Itália".


A nova premiê delineou suas prioridades em um discurso no início do ano, feito ao partido de extrema direita da Espanha, Vox: "Sim à família natural, não ao lobby LGBT, sim à identidade sexual, não à ideologia de gênero ... não à violência islâmica, sim para proteger as fronteiras, não à migração em massa... não às grandes finanças internacionais... não aos burocratas de Bruxelas!"


Valores cristãos


A campanha de Meloni foi concentrada em questões vivas como o aumento dos custos de energia, o desemprego, as “elites tecnocráticas” que impuseram as pesadas restrições do Covid-19, a imigração ilegal e as ideologias progressistas que colidem com os valores cristãos tradicionais.


Segundo analistas, o estilo de Meloni, considerado populista, a ajudou a se conectar emocionalmente com eleitores desencantados.


Originária da classe baixa em Roma, Meloni explicou em suas memórias que sua mãe estava perto de abortá-la, mas mudou de ideia para se tornar mãe solteira. Ela mesma mãe de uma menina de seis anos e pró-vida em sua narrativa, Meloni também se opõe às ideologias de gênero.

Meloni se define como uma cristã católica romana, mas que muitas vezes não vai à missa aos domingos. Ela diz ter um forte interesse por anjos, tendo muitas dessas imagens em casa e em seus ambientes de trabalho, esperando proteção.


A líder afirma que lealdade e determinação em valores tradicionais são os principais pontos fortes de um político.


União Europeia


A Itália é um dos fundadores da União Europeia e membro da Otan (Aliança militar do Norte), e a retórica de Meloni sobre a UE a aproxima do líder nacionalista húngaro Viktor Orban, diz a BBC.


Balazs Orban, diretor político do primeiro-ministro húngaro, parabenizou rapidamente os partidos de direita da Itália: "Precisamos mais do que nunca de amigos que compartilhem uma visão e abordagem comuns aos desafios da Europa".


A nova líder da terceira maior economia da EU, quer rever as reformas italianas acordadas com a UE em troca de quase 200 bilhões de euros em doações e empréstimos de recuperação pós-Covid, argumentando que a crise energética mudou a situação.


Segundo a BBC, a eleição foi ofuscada pela menor participação da história (64%, abaixo dos 73% em 2018, que também foi um recorde de baixa).


A participação nas eleições italianas caiu para um recorde de baixa de 63,91% - nove pontos abaixo de 2018, informa a BBC. Os níveis de votação foram especialmente baixos nas regiões do sul, incluindo a Sicília.

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