A fim de sobreviver, diversos cristãos se arriscam ao voltar a morar em zonas de conflito
Fonte: Portas Abertas
Apesar de todas as dificuldades causadas pela guerra, cristãos em Mianmar não deixam de orar
A guerra entre os militares e os grupos da Força de Defesa do Povo (PDF, da sigla em inglês) tem tornado a vida extremamente difícil para os civis em Mianmar. Cristãos no país sofrem ainda mais devido à discriminação preexistente e o contínuo sentimento anticristão. Diversas famílias cristãs que moram em vilas que estão em zonas de guerra tentaram se mudar para locais mais pacíficos. Entretanto, acabaram voltando para a própria vila e vivendo no mesmo ambiente inseguro de antes devido aos muitos desafios encontrados no novo local.
Parceiros da Portas Abertas se encontraram e ajudaram Esther, uma cristã de 30 anos e mãe de um filho de cinco anos. Ela é uma das cristãs que decidiu voltar a viver com a família em uma área onde bombardeios e incêndios são frequentes. “Nós temos uma casa em nossa vila, mas estávamos com medo dos bombardeios. Meu marido e eu fugimos com nosso filho para uma vila mais segura. Nossos pais migraram para lá alguns meses antes, portanto pensamos em nos estabelecer perto deles”, compartilha.
Ela compartilhar mais: “Entretanto, na nova vila, nossa vida ficou muito difícil. Não tínhamos emprego, nem qualquer maneira de conseguir uma refeição básica para nossa família. Todo dia, meu marido saía para procurar trabalho com salário diário. Às vezes, encontrava, outras vezes, voltava para casa de mãos vazias. Quando ganhava, o máximo que trazia era pouco mais de um dólar, o que não era suficiente nem para conseguir uma refeição decente para o dia, já que tudo ficou mais caro por causa da guerra. Tentamos ficar lá por um tempo, mas temos um filho para cuidar e os ganhos não seriam suficientes para prover as necessidades da família. Então decidimos voltar para casa”.
De volta ao mesmo local
Esther voltou com o marido e o filho para a antiga vila, mesmo essa ficando em meio à zona de conflito (imagem representativa)
Esther explica: “Nós voltamos para viver com outras famílias que, como nós, não conseguiram se estabelecer em outro lugar. Construímos abrigos antibombas para nos proteger e tentamos sair de casa o mínimo possível. Ainda hoje, a ameaça de ataques é iminente, mas pelo menos, ganhamos o suficiente para nos alimentar. Meu marido tem mais oportunidades de trabalho em nossa vila. Ele é pago três vezes mais pelo mesmo tipo de trabalho que fazia no local para onde fugimos. Eu também trabalho para contribuir nas despesas domésticas dando aulas para crianças pequenas”. Apesar de muitas famílias não poderem pagar pelas aulas, Esther conhece as dificuldades financeiras das pessoas e ensina as crianças mesmo assim.
“Agora que voltamos à zona de guerra, sabemos que podemos sobreviver ou morrer nos bombardeiros. Mas não paramos de pedir ao Senhor por proteção. Sei que estamos mais seguros quando conhecemos o Senhor e podemos orar por proteção a qualquer momento. Ele é gracioso e nos preservou até agora”, ela fala. Mas ainda há muitas coisas desafiadoras. Esther compartilha que sempre que o filho ouve o som de bombas e tiros, corre até ela para que o proteja. “Às vezes, me sinto tão inútil! Recentemente, houve uma explosão perto da minha casa. Ela não afetou nossa casa, mas então vi meu filho dormindo profundamente na cama. Não consegui deixar de chorar baixinho, pensando no que poderia ter acontecido se aquela bomba caísse sobre minha casa.”
Além disso, Esther abre o coração contando que desejava ter outro bebê, mas por causa da situação precisam ser vigilantes. Eles devem estar prontos para fugir até um local seguro a qualquer momento, portanto, tirou o bebê dos planos por algum tempo.
Confiança nos planos de Deus
A Portas Abertas forneceu à família alguns porcos para auxiliar na renda
Esther compartilhou mais: “Eu nunca falei sobre isso, mas às vezes, questiono Deus sobre essa situação. Mas sei que ele tem planos. Creio que ele tem nos tornado mais humildes e dependentes dele em meio a tudo isso”.
Esther fala ainda sobre o encontro com parceiros da Portas Abetas: “Sou muito grata a Deus e aos parceiros da Portas Abertas. Ano passado, não tínhamos comida e eles nos deram cestas básicas. Também nos ajudaram com uma forma de sobreviver ao fornecer dez porquinhos para criarmos, vendermos e ter alguma renda”.
Entretanto, ela conta ter ficado arrasada quando sete porquinhos morreram por causa da fumaça dos bombardeios próximos aonde moram. Quando isso aconteceu, todas as esperanças dela foram destruídas. Ela ficou muito deprimida. “Minha mãe veio me encorajar. Ela trouxe alguns pacotes de açúcar e latas de leite. Eu chorei como um bebê nos braços dela”, disse.
Agora, com apenas três porcos, ela tenta ajudá-los a sobreviver, o que é muito difícil já que às vezes não tem nem mesmo comida suficiente para eles. Ela compartilha sua preocupação: “Orem por nós enquanto passamos por diferentes tipos de dificuldades. Quando a PDF ataca o exército, os militares revidam. Em todos os incêndios e bombardeios, nós, civis, somos muito afetados. Recentemente, em um dos bombardeios, uma pessoa que vive perto da minha casa perdeu o braço”, explica.
Cristãos em Mianmar, como Esther, continuam enfrentando circunstâncias muito difíceis em meio à guerra. Entretanto, eles ainda se agarram à fé e não param de orar. Parceiros da Portas Abertas se encontram com eles, os encorajam e apoiam por meio de ajuda prática e cuidados pós-trauma.
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