Mesmo quando o povo judeu participava de flagrante idolatria, Deus estava disposto a poupá-los da destruição!
FONTE: GUIAME, MÁRIO MORENO
(Foto: Ori229/Creactive Commons)
A parashá [porção] desta semana discute a bacia de cobre que os Kohanim [sacerdotes] usavam para lavar as mãos e os pés antes de realizar o serviço diário no Templo. Podemos nos perguntar por que a bacia é introduzida pela primeira vez nesta parashá, quando já discutimos anteriomente todos os outros vasos e utensílios usados no Templo. Por que a bacia é mencionada separadamente?
Um dos temas desta parashá é que “a salvação de D-us vem em um piscar de olhos” (baseado no Midrash – Yalkut Shemoni, Netzavim #960). Esta lição é vista na história principal da parashá, o Bezerro de Ouro. Depois desse incidente, D-us ficou tão zangado com o povo judeu que chegou a dizer: “Eu os aniquilarei” (Êx 32:10). No entanto, apenas quatro versículos depois, a Torah nos diz: “D-us foi apaziguado em relação ao mal que Ele disse que faria à Sua nação” (Êx 32:14). Mesmo quando o povo judeu participava de flagrante idolatria, D-us estava disposto a poupá-los da destruição!
Vemos neste exemplo extremo que, não importa o quanto caímos ou o quão impuros sentimos que nos tornamos, sempre há uma segunda chance. D-us pode salvar as pessoas a qualquer momento. Portanto, não temos motivos para nos desesperar ou ficar perturbados, pois a salvação está logo ali.
Os dois componentes da bacia de cobre também sugerem esta lição. O interior da bacia contém água. O Slonimer Rebe compara água a teshuva [retorno], com base no versículo: “Aspergirei sobre eles águas purificadoras” (Ez 36:25). A água é frequentemente associada à pureza e à capacidade de ser purificada dos erros do passado.
O Noam Elimelech discute o segundo elemento da bacia: o exterior de cobre (Êx 30:18). A palavra hebraica para cobre, nechoshet, compartilha uma raiz linguística com a palavra nachash, que significa “cobra“. A cobra é frequentemente comparada ao adversário (ha satan) que também está ligado a inclinação para a negatividade, já que a cobra no Jardim do Éden era a personificação original do mal.
Esses dois elementos contrastantes da bacia sugerem uma mensagem importante. Uma pessoa que se aproxima da bacia primeiro toca o cobre (nechoshet), lembrando-se da impureza e do mal. Mas logo atrás daquela parede de cobre está uma fonte de água limpa e purificadora, pronta para lavar os erros do passado! Em outras palavras, mesmo que uma pessoa tenha sido mordida (nashach) pelo nachash (o adversário) e tenha sucumbido às tentações da negatividade, ainda assim, “a salvação de D-us vem em um piscar de olhos”.
Talvez esta seja uma das razões pelas quais a bacia é discutida separadamente de todos os outros vasos do Templo. Esta parashá, que discute a salvação instantânea do povo judeu por D-us após o Bezerro de Ouro, é um lugar apropriado para mencionar a bacia. Seus dois componentes, água e cobre, nos mostram que a fonte de pureza e cura pode nos limpar da escuridão a qualquer momento.
Que todos nós sejamos abençoados com a consciência desta lição, para que, mesmo que tenhamos enfraquecido, não nos permitamos cair no desespero ou na depressão, mas lembremos que a salvação pode vir em um piscar de olhos. Neste mérito, possamos merecer em breve ver a construção do Templo e a reinstituição da bacia, para nos purificar e nos elevar ao mais alto dos níveis.
Tradução: Mário Moreno.
Por Rav. Mário Moreno, fundador e líder do Ministério Profético Shema Israel e da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel na cidade de Votorantim. Escritor, autor de diversas obras, tradutor da Brit Hadasha – Novo Testamento e conferencista atuando na área de Restauração da Noiva.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
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