Mark Zuckerbeg foi questionado sobre censura no Parlamento Europeu
por Jarbas Aragão
De maneira similar ao que aconteceu em abril diante do Senado dos Estados Unidos, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg foi sabatinado sobre as práticas da rede social no Parlamento Europeu nesta terça-feira (22).
Os eurodeputados fizeram uma série de perguntas, durante uma hora e meia, sobre questões como privacidade, uso de dados e o escândalo da Cambridge Analytics. Assim como fez nos EUA, a opção do CEO de 34 anos foi dar respostas evasivas e promessas que está trabalhando para “melhorar a experiência” dos seus cerca de dois bilhões de usuários.
Quando foi a vez de Nigel Farage, líder do Partido da Independência do Reino Unido, questionar, ele foi bastante duro nas colocações. O conservador, um dos principais líderes do movimento Brexit, colocou Zuckerberg contra a parede, questionando inclusive a validade dos anunciados “fact cheking”.
Ele acusou o CEO do Facebook de “discriminação intencional” contra os conservadores na sua plataforma, e defendeu a criação de uma “Declaração de Direitos da Mídia Social” para proteger a liberdade de expressão de todos.
Farage começou destacando que a vitória do Brexit no Reino Unido, a eleição de Donald Trump nos EUA e a recente vitória de políticos de direita na Itália não poderiam ter acontecido sem a mídia social.
“Historicamente, é verdade que através do Facebook e outras mídias sociais não haveria como o Brexit, a eleição de Trump ou as eleições italianas terem acontecido. Foram as mídias sociais que permitiram que as pessoas contornassem a mídia tradicional e entendessem o que estava acontecendo”, destacou o inglês.
“Mas também é absolutamente verdade que, desde janeiro deste ano, você mudou seu modus operandi, mudou os algoritmos, o que levou diretamente a uma queda muito significativa de visualizações e engajamentos para aqueles que têm opiniões políticas mais à direita”, avaliou.
A opinião de Farage é baseada em sua própria experiência, já que viu um declínio acentuado do engajamento se sua página no Facebook, imediatamente após a mudança no algoritmo do Facebook. Também disse ter ciência que o mesmo havia ocorrido com o perfil do presidente Trump, bem como de várias páginas conservadoras.
“Os fatos são muito claros. Basta olhar para os números do presidente Trump, em uma escala muito menor, olhe para milhares de outros comentaristas conservadores. Isso está acontecendo em sua ‘plataforma para todas as ideias’ ”, disparou.
“Eu não estou falando aqui, Sr. Zuckerberg, sobre extremismo. Não estou falando sobre encorajar a violência. Não estou falando de ódio a ninguém. Eu estou falando sobre pessoas que têm opiniões importantes… e, francamente, sinto que elas estão sendo voluntariamente discriminadas”.
O pedido de Farage é que haja uma maior transparência sobre os fatores que influenciam o julgamento de conteúdo no Facebook. “O que me interessa saber é: quem decide o que é aceitável? Quem são esses checadores de fatos, quem são essas pessoas? Por que não há transparência nesse processo? ”, indagou.
Diante da incapacidade de Zuckerberg em dar uma resposta objetiva, o líder político inglês, que que tem 786 mil seguidores no Facebook 1,3 milhão de seguidores no Twitter, deixou claro que deseja proteger a liberdade de expressão e considera seriamente apoiar “uma declaração de direitos de mídia social”.
“Estou lhe perguntando hoje, muito claramente, você admitiria hoje que o Facebook não é uma plataforma para todas as ideias, que são tratadas imparcialmente? ”. Nem assim Zuckerberg conseguiu dar uma resposta objetiva, preferindo fazer um compromisso em não censurar opiniões baseadas em “viés político”, mas não explicou o que mudará na rede social.
Alto custo
Durante a sessão, um parlamentar conservador alemão sugeriu que o Facebook fosse desmembrado, por ter um monopólio. O CEO recusou-se a responder perguntas específicas sobre a utilização de dados cruzados do Facebook e o WhatsApp, que também pertence a ele, um dos aplicativos mais utilizados no mundo.
A visita de Zuckerberg à sede do Parlamento em Bruxelas acontece três dias antes que as novas regras da União Europeia sobre a proteção de dados entrem em vigor. Empresas que as violarem estarão sujeitas a multas de até 4% de seu faturamento global por violá-las. Isso teria um grande impacto nas finanças da rentável rede social. Com informações de Breitbart
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