quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Julgamento de missionário na Rússia prova que nova lei promove a perseguição religiosa

Missionários Ruth (esquerda) e seu esposo Don Ossewaarde (direita) vivem na cidade russa de Oryol há 14 anos. (Foto: Don Ossewaarde - Site Oficial)
Missionários Ruth (esquerda) e seu esposo Don Ossewaarde (direita) vivem na cidade russa de Oryol há 14 anos.
 (Foto: Don Ossewaarde - Site Oficial)

O missionário Don Ossewaarde exerce um ministério independente na Rússia e foi multado por simplesmente ter materiais de estudo bíblico em casa.

A nova 'legislação anti-terrorismo' da Rússia, conhecida como 'Lei Yarovaya' - devido ao nome de uma de suas criadoras, Irina Yarovaya - foi assinada pelo presidente Vladimir Putin no dia 7 de julho. Entre as suas disposições existe uma repressão draconiana sobre a evangelização e a atividade missionária, o que já tem feito suas vítimas, como no caso do cristão norte-americano, Don Ossewaarde.

A nova lei tem deixado marcas históricas, não apenas na Rússia, mas em igrejas de diversos país nacionais e mundiais.

Processado por violar a nova legislação, Don Ossewaarde, que vive na cidade de Oryol há 14 anos com sua esposa, Ruth e exerce seu ministério missionário independente não filiados a uma organização - o que é um fato crucial para ser acusado de proselitismo e multado em 40.000 rublos (cerca de 700 dólares). Agora, o casal permanece na região para se defender das acusações.

O depoimento de Don na audiência da última segunda-feira (19) pinta o retrato de uma lei confusa, até mesmo para a polícia e o judiciário da Rússia. A juíza estava nervosa e adiou a audiência para ouvir outras testemunhas (desnecessárias). O advogado de Ossewaarde está convencido de que ela precisava consultar autoridades superiores.

A presença de representantes do Departamento de Estado americano, que lhe disseram que eles estavam interessados ​no caso, porque teria "uma grande influência sobre o futuro da liberdade religiosa na Rússia" também pode ter tido um efeito sobre a compostura da juíza.

O depoimento do capitão da polícia, diz Ossewaarde, era "pouco profissional e pouco convincente".

Ele foi inflexível com Ossewaarde, afirmando que o norte-americano tinha quebrado a lei contra o proselitismo, mesmo que ele não esteja ligado a uma organização missionária, mas por apenas ter materiais de estudos bíblicos em sua casa.

Mas o que está por trás da lei Yarovaya, e que efeito é que vai ter sobre a evangelização na Rússia?

Ossewaarde disse ao Christian Today: "Mesmo que a nova lei tenha sido mal redigida e venha a se revelar ineficaz, a minha opinião é que esta lei revela uma clara intenção por parte das autoridades na Rússia em eliminar a atividade religiosa de estrangeiros, que não estão ligados ao Estado e à Igreja Ortodoxa Russa. Isso é trabalhar lado a lado para manter o povo sob o 'controle patriótico' do partido no poder".

"O presidente Putin falou no passado sobre seu plano de 'democracia dirigida'. Em outras palavras, deixar que as pessoas tenham liberdade, mas se orientem para fazer 'as escolhas livres corretas'. O meu caso em particular, é um teste para saber se tal lei inconstitucional pode resistir descaradamente a um desafio em tribunal", acrescentou.

Ele está convencido de que, apesar da intenção manifesta da lei, de "combater o extremismo islâmico", aqueles que escreveram as normativas contra o evangelismo, tinham claramente como alvo, os evangélicos não-ortodoxos.

"A Igreja Ortodoxa parece ser solidária com a lei, uma vez que serve o seu propósito de manter um monopólio religioso", diz ele.

Os Ossewaardes estão profundamente tristes com o fim de seu ministério em Oryol.

"Estávamos envolvidos no ministério, desde a minha primeira viagem evangelística à Bielorrússia em 1994", disse Ossewaarde. "Este tem sido o objetivo central da motivação de nossas vidas por quase 22 anos. Temos vivido nesta mesma cidade por 14 desses anos, por isso as nossas raízes são muito profundas e é claro amamos muito amo as pessoas que se converteram a Cristo aqui".
Presidente russo Vladimir Putin pariticipa de cerimônia religiosa em Igreja Ortodoxa Russa. (Foto: Reuters)

Durante esses anos, eles viram a mudança do clima religioso na Rússia.

"No início de 1990, os russos estavam muito entusiasmados com a nova liberdade de aprender, finalmente sobre Deus e a Bíblia. Lembro-me claramente das visitas à Bielorrússia em 1994 e 1995, quando nós literalmente distribuímos caminhões de Bíblias nas ruas", disse ele. "As pessoas nos cercavam com os braços estendidos, pedindo uma cópia da Palavra de Deus".

Mais tarde, o entusiasmo arrefecido e o consumismo começaram a gerar um impacto negativo neste cenário. Durante a maior parte de seus 14 anos de ministério em Oryol, as pessoas aceitaram a mensagem do evangelho ou um Novo Testamento "educadamente, mas com certa indiferença". No entanto, ele diz: "Nos últimos dois anos de conflito internacional entre a Rússia e o Ocidente, tem sido mais comum ver nossa literatura rejeitada quando oferecida".

Ao que tudo indica, Don Ossewaarde - e os evangélicos em geral na Rússia - estão enfrentando as consequências das tensões geopolíticas mais amplas.

Um regime autoritário determinado a não tolerar nenhuma dissidência, renovou um confronto com o Ocidente, o medo do terror interno e uma intenção da Igreja Ortodoxa em afirmar a sua "autoridade espiritual" - todos esses fatores convergiram para um tribunal em uma pequena cidade provincial.

No dia 30 de setembro - data da próxima audiência - Ossewaarde, e todos os evangélicos da Rússia, vai descobrir exatamente como o Estado tem a intenção de usar a Lei Yarovaya. Se ele perder esta causa, a liberdade religiosa da Rússia também pode estar perdida.

FONTE: GUIAME, COM INFORMAÇÕES DO CHRISTIAN TODAY

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