quarta-feira, 9 de novembro de 2016

“A ressurreição é um trunfo para o cristão lidar com a morte”, diz psicanalista cristão

Luiz Leite, que também é pastor, explica que o luto pode levar a sofrimentos desnecessários e exagerados, pois as pessoas deveriam encarar algumas perdas como 'podas'.

De acordo com o pastor, as crianças deveriam ser poupadas do luto. (Foto: Reprodução).
De acordo com o pastor, as crianças deveriam ser poupadas do luto. (Foto: Reprodução).
Como lidar com o luto? Como lidar com a perda de um ente querido? Estas e outras perguntas foram abordadas no programa Mente Aberta. O apresentador Cássio Miranda recebeu o pastor e psicanalista Luiz Leite para um bate papo sobre este assunto tão delicado: o luto.

O pastor inicia explicando o que é o estado de luto e como ele é visto pela ótica da ciência. “Na psicanálise, o luto não se resume apenas a morte de um ente querido. Na verdade, todas as perdas significativas que mexem com a estrutura emocional do indivíduo, estas perdas representam um luto cujo período deverá ser trabalhado e superado. O indivíduo vai precisar compreender que aquela situação se encerrou. Ele vai precisar assimilar aquela perda para prosseguir, caso contrário o prosseguir fica muito difícil com esta pendência de uma situação não resolvida lá atrás”, disse.

As crianças passam por luto? De acordo com o pastor, elas deveriam ser poupadas pelo fato de não terem capacidade emocional suficiente para administrar um sentimento tão forte. “A criança não consegue processar porque o aparato intelectual dela ainda não está devidamente amadurecido para lidar com a perda, no caso da morte”, comentou.

“Então, nos aconselhamos que a criança seja poupada, porque ela curiosamente, por não ter um aparato intelectual que possa racionalizar o fato, ela vai processar aquele fato pelas vias da emoção. Porque a criança não pensa, a criança sente. E por essa razão ela deve ser poupada, não apenas na questão do luto, mas ela deve ser poupada em muitos outros aspectos, porque ela não tem a sua razão amadurecida para processar determinadas situações”, recomendou.

“Ela vai assimilar aqueles conteúdos por meio das emoções e é nesse ponto que muitos começam a adoecer”, disse Luiz.

Perda X Poda
“O luto deve ser algo que precisa ser trabalhado para que a pessoa possa aprender a lidar com as perdas que a vida traz. E muitas perdas que a vida trás são percebidas de modo muito negativo. Muito ruim. Porque nós não aprendemos a discernir ‘perda’ de ‘poda’. Muita coisa que se perde na vida não é perda, não deveria ser considerado perda, e sim como uma poda”, explicou.

“Então, por falta de uma compreensão mais clara desses eventos em que a vida nos tira algo, nós sofremos muito e a maior parte das vezes desnecessariamente”.

A dor do luto diminui com o tempo?
“Lá em Portugal existe um fenômeno muito interessante que trata das viúvas eternas. Elas, ao perderem seus esposos, vão se trajar de luto para sempre. Nunca mais vestirão outra cor, ficando de preto para sempre. Nós temos algumas pessoas que se estiverem seu aparato psicológico mais bem esclarecido, vão lidar melhor com a ideia do luto. E passado o período de luto ela vai superar essa perda com mais facilidade e num tempo mais curto”, ressaltou.

“Quando a pessoa tem a esperança da fé cristã, que tem por base, com respeito à morte, a ressurreição, então eu creio que nós temos um trunfo muito forte para lidar com a morte. Nós temos as religiões ‘abramicas’, lidam com a morte a partir do viés da ressurreição. As religiões orientais lidam com a morte a partir do prisma de reencarnação. A neuropsicologia já lida com a morte hoje, dando embasamento a todas as linhas de ateísmo com o esquecimento total, onde desintegra-se a consciência e o homem já não mais existe. Mas, nos cremos na continuidade da consciência.

Consciência é um termo da ciência para referimos no que chamamos de ‘alma humana’. A fé cristã nos dá a grande esperança da ressurreição e nós cremos nisso. E devemos sem dúvida alguma descansar a nossa alma no fato de que a vida permanece”, pontuou.
Confira a entrevista na íntegra:


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