(Photo: Yonatan Sindel/Flash90)
Representante da Agência Judaica no Brasil exalta valores
democráticos em entrevista ao R7.
O atual momento político e econômico vivido pelo Brasil tem
contribuído de forma decisiva para o grande aumento de imigração de brasileiros
judeus para Israel. Até 2013, o máximo de brasileiros que iam morar no país
judaico foi de 220 por ano. Já em 2014, a quantidade aumentou 40%, chegando a
290 imigrantes e atingiu um pico, inédito nas últimas décadas, de 77% em 2015,
quando 496 brasileiros se mudaram para Israel.
Em 2016 o ritmo segue o mesmo e não será surpresa se novo
recorde for batido no fim do ano, atingindo o número de mil imigrantes. Em
entrevista exclusiva para o R7, Revital Poleg, representante da Agência Judaica
no Brasil, órgão do Estado de Israel, fala sobre esses números e sobre o papel
da entidade, tão ou mais importante para as comunidades judaicas do mundo
inteiro como consulados ou embaixadas. Tendo sido assessora do
ex-primeiro-ministro Shimon Peres e ex-chefe de gabinete do presidente do
Parlamento (Knesset), Revital também ressalta a importância dos valores
democráticos para qualquer país.
Berço do Estado de Israel, a Agência Judaica foi fundada em
1929, quando o país estava sob o mandato britânico e, na ocasião, já que ainda
não havia um Estado, tinha o papel de administradora de questões judaicas,
inclusive as políticas e econômicas. Vários líderes de Israel já a chefiaram,
como o ex-primeiro-ministro David Ben-Gurion. Com a proclamação do Estado de
Israel, que completa 68 anos no sábado (14), a Agência passou a ter um papel
essencialmente comunitário.
R7 – Qual é o papel da Agência Judaica junto a Israel e às
comunidades judaicas do mundo inteiro?
Revital Poleg - A Agência Judaica é um órgão do Estado de
Israel e trabalha no mundo todo com as comunidades judaicas locais. Não
procuramos pessoas para fazer a chamada aliá (imigração para Israel),
facilitamos a quem quiser. O papel Agência Judaica, sempre em integração com
outras entidades judaicas, é trabalhar com os judeus dentro e fora de Israel
para garantir a continuidade do Estado e isso passa por alimentar a ligação com
o Estado de Israel, ter experiências no país, ajudar os interessados a
conhecerem Israel e que Israel, e seus jovens, conheçam as comunidades do mundo
que são uma só coisa.
R7 – Organizar a imigração de judeus para Israel é o
principal objetivo da Agência?
RP - Não há um objetivo específico de imigração, você pode
ser judeu no Brasil por toda a sua vida, ótimo para nós e para Israel: um bom
brasileiro e judeu, um bom americano e judeu e assim por diante. A pessoa estar
interessada em morar em Israel é uma decisão pessoal não estamos aqui para
convencer ninguém. Mas se há o interesse, nosso papel é facilitar e dar a
assistência necessária para que isso aconteça.
R7 – Que tipo de apoio o Estado de Israel, por meio da
Agência Judaica, dá àqueles que vão morar no país?
RP - O Estado dá uma ajuda básica para o começo do caminho,
que não é para resolver todas as necessidades da pessoa. Israel é definido como
a casa do povo judeu e por esse motivo ajudamos e facilitamos a chegada no
começo, mas depois as pessoas têm de encontrar trabalho, emprego, estudar
dependendo da idade. Se for opção da pessoa ela pode no começo ir para um
centro de absorção com custo subsidiado por seis meses.
R7 – Quais os critérios de ajuda para cada imigrante?
RP - Os critérios para cada um variam de acordo com a idade,
número de pessoas, etc. Isto é definido lá em Israel. Em geral há uma
assistência financeira modesta no começo e também há ajuda burocrática. Também
damos apoio para o aprendizado do hebraico, até a pessoa começar a entender melhor
a língua e o ambiente. Israel sempre diz: Bem-vindo, vamos facilitar os
primeiros passos mas o resto é com você. Israel é um país de imigrantes, não é
só de agora, e foi desta maneira que se constituiu.
R7 – Como a Agência tem visto o crescimento do número de
imigrantes brasileiros para Israel?
RP - A imigração de brasileiros é muito apreciada em Israel
e contribui com o país devido à qualidade dos que chegam. Ultimamente houve um
aumento de brasileiros indo para Israel, é fato. Temos de entender que é uma
decisão pessoal e que há vários motivos para situações de imigração. Cada
pessoa e família tem um motivo diferente. Às vezes surgem circunstâncias que
ajudam a pessoa a tomar uma decisão que estava na cabeça há algum tempo. Claro
que a atual crise brasileira acabou contribuindo de alguma maneira para isso.
Estamos tendo mais trabalho, mas estamos aqui para isso.
R7 – Qual a ligação do judaísmo e do Estado de Israel com a
democracia?
RP - Para a Agência Judaica a democracia israelense é ligada
a valores democráticos que são universais e buscamos passar isso aos jovens com
atividades que simulam, por exemplo, uma sessão do Knesset (Parlamento). No
judaísmo, sem que eu fale como autoridade religiosa, há muito de democracia. Na
bíblia há passagens que falam de valores como “ama o teu próximo como a ti
mesmo”. Não são valores somente judaicos, mas começaram com o judaísmo e valem
para todo o ser humano. Também está escrito “não faça para os outros o que não
queres que te façam”, nesta mesma linha. Na Guemará (livro de leis judaicas),
se fala que a bíblia tem 70 caras, o que mostra muitas maneiras de analisar os
temas, de praticar a vida religiosa e cultural do judaísmo, mostrando um
pluralismo legítimo. Isso justamente é a democracia e são valores judaicos e
democráticos.
R7 – Qual a importância dos evangélicos para o Estado de
Israel?
RP - Os evangélicos são amigos de Israel e como amigos são
muito importantes. Ajudam a divulgar o nome de Israel de uma maneira positiva
pelo mundo afora e apreciamos muito esta amizade, que nos ajuda em nosso
objetivo de nos relacionar com o mundo de uma maneira respeitosa e democrática.
Publicado em R7.com via Alagoas 24 Horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário